AFP-Relaxnews
24 de fev. de 2023
Fantasias do carnaval carioca ganham nova vida
AFP-Relaxnews
24 de fev. de 2023
Regina Coeli ostenta com orgulho uma majestosa coroa de penas verdes e laranja: ela se prepara para seu desfile em uma cidade do interior do Brasil com uma fantasia do famoso carnaval carioca, reaproveitada para a ocasião após ter sido abandonada em plena rua.
Todos os anos, após os suntuosos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro, milhares de fantasias que levaram meses para serem feitas à mão são abandonadas na saída do sambódromo, impossibilitando a reutilização pela mesma escola no ano seguinte. Alguns traficantes aproveitam para estocar acessórios, mas fantasias abandonadas também fazem a alegria das escolas de samba mais modestas.
É o caso da Regina Coeli, com sede em Capim Branco, município a 500 quilômetros a noroeste do Rio, no vizinho estado de Minas Gerais.
Há cerca de dez anos, a escola desta cidade de cerca de 10 mil habitantes foi uma das primeiras a viajar até a meca do carnaval para encher uma van inteira com fantasias descartadas.
- Valor "inestimável" -
"Algumas fantasias ainda estão inteiras e em perfeito estado. O que não podemos usar, tiramos. Lavamos os tecidos, tiramos também algumas coisas que podem servir para fazer novas fantasias", explica à AFP Maria Lúcia de Souza, 75, aposentada professor e presidente da escola.
Assim como no Rio, os desfiles de carnaval de Capim Branco acontecem no domingo e na segunda-feira. Mas com apenas 150 participantes, contra 30 mil no sambódromo. Nada menos que 80% das fantasias utilizadas são provenientes das grandes escolas de samba da elite carnavalesca carioca.
"É luxo!" recebe Regina Coeli, professora de artes de 59 anos. "Preparamos tudo com muito carinho e o resultado é sensacional!" ela acrescenta, experimentando um lindo terno laranja e dourado para combinar com sua coroa.
Na oficina da escola, cerca de quinze voluntários estão ocupados dando os últimos retoques nos últimos detalhes. Elas aprenderam no trabalho a serem costureiras ou maquiadoras.
Destacam-se algumas peças recuperadas, como uma máscara prateada adornada com penas naturais ou um vestido bufante rosa com padrões triangulares dourados.
“Essas fantasias têm um valor inestimável para nós. E também é importante para o meio ambiente, porque nós as reciclamos”, disse Maria Lúcia de Souza.
- Objetivo "Resíduo Zero" -
Os que são abandonados e não recuperados vão parar em lixões, no meio das toneladas de latas, garrafas e outros resíduos que se acumulam durante o carnaval.
“Na primeira vez que fomos ao sambódromo, vimos um caminhão de lixo esmagando diretamente as fantasias”, lembra a presidente da Unidos.
Para recolher as fantasias intactas, sua equipe estende uma lona no chão e pendura uma placa na parede: "A escola de samba Capim Branco agradece as doações".
A Viradouro, uma das mais tradicionais escolas do carnaval carioca, garante à AFP que suas fantasias são "reutilizadas" em outras edições ou revendidas, ou mesmo cedidas a formações mais modestas.
A organização do carnaval carioca anunciou que montou uma operação de reciclagem "inédita" este ano, com o objetivo de torná-lo "um dos maiores eventos resíduo zero do planeta".
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