Stylo Urbano
28 de jul. de 2016
Fábricas de roupas baratas fogem da desaceleração na China
Stylo Urbano
28 de jul. de 2016
Pequim está assistindo na corda bamba à migração das fábricas de roupas baratas para outros países, registrou o diário econômico americano The Wall Street Journal.

Pequim ainda não publica números sobre os fechamentos ou mudanças de fábricas. A investigadora Justina Yung, da Universidade Politécnica de Hong Kong, a pedido da Federação das Indústrias de Hong Kong, calculou que as empresas da cidade, que operam no vizinho Delta do Rio das Pérolas, diminuíram em um terço no período 2006-2013.
Os custos do trabalho na China superam há anos a inflação, segundo a consultoria BMI Research, e são quase quatro vezes maiores que aqueles de Bangladesh, Camboja, Myanmar e Laos. A tendência é mudar para o Vietnã, diz Wang Wei, gerente-geral de Guangzhou Weihong Footwear Industrial Co., fabricante de sapatos desportivos para gigantes como Nike, Adidas e Puma.
Segundo reportagem do site Quartz, as marcas de moda americanas vão continuar a investir na fabricação de roupas na China por causa das suas fábricas modernas e pelos custos relativamente baratos. Mas, à medida que os custos de produção chineses começam a subir, as marcas americanas estão pesquisando outras opções, principalmente no Vietnã, Índia, Indonésia e até mesmo nos próprios Estados Unidos.
O gráfico abaixo é baseado em uma pesquisa feita com executivos da indústria da moda americana conduzida por Sheng Lu, professor assistente na Universidade de Rhode Island, e pela Associação da Indústria da Moda dos Estados Unidos. As pontuações mostram em quais países os entrevistados esperam aumentar ou diminuir a fabricação dos seus produtos.

O Bangladesh continua a ser o destino preferido depois da China, sobretudo porque o país tem alguns dos salários mais baixos do mundo para trabalhadores de vestuário, contudo, o país sofre com tensões políticas desde que se tornou destaque pela exploração e abuso de costureiras nas fábricas que produzem roupas para empresas de 'fast-fashion' desde o colapso do Rana Plaza em 2013. Por isso as marcas estão aumentando a produção em outros países pobres como Índia e Vietname.
Para conter esta fuga, o governo chinês oferece subsídios e incentivos em regiões mais centrais, onde os salários podem ser até 30% inferiores. Pequim também incentiva as empresas a automatizarem-se, investir em tecnologia e produzir objetos de maior valor agregado. Porém, a China não consegue sair, em muitos casos, da fabricação de produtos básicos e seus custos continuam a subir.
O processo pode gerar tensões sociais. A migração das fábricas para o exterior trouxe demissões em massa e fechamento de unidades. O índice de desemprego oficial é de 4% há duas décadas, número hoje notadamente objeto de desconfiança, já que o que parece pode ser bem maior. O descontentamento tem sido abafado pelo controle estatal das mídias. Mas os protestos operários aumentaram em 35%, segundo o China Labour Bulletin.

A frustração é patente nas redes sociais, menos controláveis pelo governo. "As fábricas chinesas e estrangeiras estão deixando o país. Nós vamos morrer de fome", lê-se nos foros de discussão. "As manufaturas baratas vão para o Sudeste Asiático e as mais sofisticadas voltam para os EUA e Europa", escreveu um usuário do Weibo, plataforma chinesa semelhante ao Twitter. "Está chegando a grande recessão", comentou um outro.
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