
Dominique Muret
16 de jan. de 2023
Em Milão, Gucci põe fim a era de Alessandro Michele com coleção minimalista e chic

Dominique Muret
16 de jan. de 2023
Na Gucci, a era de Alessandro Michele parece definitivamente ter chegado ao fim. Na nova coleção masculina outono-inverno 2023/24, apresentada na sexta-feira (13) na abertura da Semana de Moda de Milão, praticamente nada resta da visão do ex-diretor artístico, que foi afastado do cargo em novembro, parece ter levado a marca de luxo italiana a novos patamares em seus sete anos de colaboração. Saem de cena as estampas e extravagâncias, dando lugar a uma silhueta mais linear e simples, com um espírito mais rocker.

Tudo se concentra no luxo artesanal, muito atrativo para os novos consumidores de alto padrão, também muito típico da Bottega Veneta, outra marca do universo Kering. Em particular, a marca reinventa os clássicos do guarda-roupa masculino com um toque contemporâneo, graças aos volumes oversized, que imediatamente dão um toque chamativo ao look. Com seus gorros de lã na cabeça, com uma simples camiseta branca ou uma camiseta folgada enfiada em calças soltas e plissadas, uma grande bolsa de ombro estilo marinheiro, o novo visual do homem Gucci cool e despreocupado é definido.
A atitude é reforçada pela decoração do desfile, com o trio Ceramic dog de Marc Ribot no centro do palco, que parece improvisar uma sessão de jazz-rock para acompanhar as modelos ao vivo numa passarela iluminada apenas por halos de cores. Seja em ternos de malha, maxi casacos ou jeans largos e jaquetas, os homens Gucci caminham pelo espaço com elegância descontraída, envoltos em casacos oversized com botões de metal, soberbos casacos de tweed ou jaquetas de flanela amplas, impecavelmente cortadas, tingidas em uma paleta delicada (lavanda, tangerina, sálvia).
O guarda-roupa masculino também ganha vida com modelos inesperados, como saias longas xadrez com fendas na frente e nas costas ou calças que abrem na altura dos joelhos, em que a parte de baixo pode ser retirada para transformar em bermuda (como nas jaquetas, cujos antebraços são removíveis). Sem esquecer dos enormes macacões de trabalho em imitação de lona encerada amarela ou couro preto com efeito 3D. A coleção ganha ainda um ar esportivo através dos conjuntos de motociclistas ou bailarinos em cuecas boxer e leggings de lã, estilo anos 80, e também nos agasalhos e coletes acolchoados.
Uma ênfase especial é colocada nos acessórios. A começar pelas malas grandes, com um design um tanto vintage, mas muito clean, brincando com as cores. Na seção de calçados, surgem novos modelos de tênis de cano alto e botas biker com um estilo algo mosqueteiro, disponíveis em todo o tipo de cor.
O desejo de mostrar uma mudança é evidente. Mas estamos longe do terremoto que Alessandro Michele causou durante seu primeiro desfile para a Gucci em janeiro de 2015, há exatos oito anos. Esta coleção parece fazer parte de uma fase de transição, aguardando a nomeação de um novo diretor criativo e definindo ainda mais a nova direção para o estilo e estratégia da marca.
Segundo rumores, o potencial sucessor pode estar dentro da Gucci. Remo Macco, que tem uma longa experiência na casa e foi recentemente nomeado para o novo cargo de diretor do estúdio, é um dos nomes que circulam, ao lado de Davide Renne ou Marco Maria Lombardi, diretor de design de roupas femininas. Fora da Gucci, o nome de Daniel Roseberry, atual diretor artístico da Schiaparelli, é o mais citado.
Também há muitas especulações sobre a possível saída do CEO da Gucci, Marco Bizzarri. Muito elegante em seu terno lilás característico, o gestor exibiu seu maior sorriso na hora do show ao lado do líder da Kering, François-Henri Pinault, tão radiante quanto, não muito atrás de uma série de outras personalidades, de Nick Cave a Idris Elba. Pouco antes do desfile, Marco Bizzarri comentou: "Estou tranquilo, feliz e otimista".
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