AFP-Relaxnews
Novello Dariella
16 de nov. de 2022
Em Cabo Verde, resíduos do mar estão sendo transformados em bolsas e pulseiras
AFP-Relaxnews
Novello Dariella
16 de nov. de 2022
Anualmente, centenas de toneladas de resíduos poluem as praias do arquipélago de Cabo Verde, levadas pelas correntes marinhas do Atlântico e das Canárias. Duas empresárias resolveram solucionar esse problema com a marca Simili, que transforma as redes de pesca recolhidas na areia em tecidos para a confecção de bolsas e outros acessórios de moda.
Redes de pesca de todas as cores, garrafas de plástico e outros dejetos do oceano espalham-se pela areia fina de muitas ilhas de Cabo Verde. Essa poluição resulta das correntes marinhas que diariamente depositam detritos provenientes de todos os continentes - ou quase. Esse problema angustiante levou duas mulheres, Helena Moscoso e Debora Roberto, a se lançarem no upcycling em 2019, adotando uma prática agora apreciada por muitos estilistas que buscam combater o desperdício, a superprodução e a poluição da terra e do mar em sua própria escala.
Resíduos como matéria-prima
Através da marca Simili, reconhecível pelo seu logotipo em forma de peixe, as empresárias querem livrar as praias deste lixo indesejado, ao mesmo tempo que promovem o conhecimento e o artesanato local. As redes de pesca recolhidas nas praias servem de matéria-prima e são transformadas por costureiras especialmente treinadas em acessórios de moda como bolsas, pochetes, estojos e pulseiras.
Embora a iniciativa não permita a produção em larga escala, ela contribui para a despoluição das praias e para a conscientização sobre os problemas da poluição marinha.
"Durante o fim de semana, começamos a coletar matéria-prima para lançar nossa produção. Infelizmente, o Atlântico oferece muita [matéria-prima]! Queremos dar uma nova vida a esses materiais que ameaçam a vida marinha", disseram as fundadoras da Simili no Instagram na ocasião do lançamento da marca. Um ano depois, acrescentaram: "Preferiríamos não ter tantas matérias-primas disponíveis, mas nossa criação continuará focada nesse problema, mesmo que em uma escala muito pequena".
Promovendo competências e conhecimentos locais
Acompanhadas na maior parte do tempo por voluntários, as duas mulheres participam regularmente em campanhas de limpeza em diferentes ilhas, incluindo Santa Luzia e São Vicente, organizadas por associações e organizações como a ONG Biosfera, que trabalha para a proteção dos recursos costeiros e marinhos no arquipélago. Esta é uma tarefa que não tem fim, pois há muito lixo nas praias, sem contar as dificuldades enfrentadas quando o lixo (já) está enterrado na areia. "Em Santa Luzia há redes tão enterradas e presas às rochas que já fazem parte da paisagem. Esta é a realidade nas praias de Cabo Verde", lê-se numa publicação no Instagram da marca.
Três anos depois do lançamento deste projeto, que nasceu pouco antes da pandemia, dezenas de bolsas são feitos à mão pelas costureiras de Salamansa, uma aldeia localizada ao norte de São Vicente.
A formação como costureiras permitiu às mulheres conseguirem emprego na oficina de Simili, transformando diariamente as redes de pesca recolhidas em bolsas, pochetes, estojos e pulseiras, conforme relatado pela revista Jeune Afrique. Estes são vendidos às moradoras de Cabo Verde, bem como aos turistas, para promover a economia circular e conscientizar sobre a poluição dos oceanos.
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