Dólar valorizado aumenta chances de exportar

Com o dólar mais valorizado, aumentam as chances do Brasil exportar sua produção calçadista. Mesmo antes de começar a Francal, a promotora da feira já prognosticava um crescimento nas visitas de estrangeiros por conta disso. Embora os números finais do evento ainda não tenham sido contabilizados, a promotora afirma que, no primeiro dia da mostra, por exemplo, o número de importadores foi 8% superior ao do mesmo período de 2012.

Trazido pelo Projeto Comprador, da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Ricardo Bigio, da Santorini (Bogotá/Colômbia), ilustra bem o cenário que se desenha em relação às vendas externas. A rede, que conta com 20 lojas próprias, mais franquias e está presente em lojas de departamentos, compra calçados brasileiros há mais de oito anos. Devido à alta do dólar, no entanto, não visitou a Francal no ano passado, embora tenha comprado cerca de 25 mil pares em 2012.

Neste ano, conforme Bigio, a rede pode comprar até 60 mil pares, sendo que uma parte foi negociada na Francal. “Como o governo colombiano impôs uma taxa de U$ 5,00 por par importado de países que não têm tratado comercial, como os asiáticos, por exemplo, a tendência é que compremos mais do Brasil, com quem a Colômbia tem um acordo comercial”, explica o importador. O México, que também tem acordo comercial com a Colômbia, oferece calçados com qualidade inferior, conforme Bigio.

FEIRAS – O tamanho e a estrutura da Francal são elogiados por Bigio, que também pretende visitar outras feiras brasileiras, principalmente as que vendem produtos de outono-inverno, temporada que mais negócios gera para a rede devido ao clima da Colômbia. “Os produtos de verão representam apenas 10% do nosso faturamento anual”, revela.

O Projeto Comprador funciona por meio do Programa Brazilian Footwear, mantido pela Abicalçados em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

Para o coordenador de Projetos da Abicalçados, Cristiano Körbes, as ações comerciais são fundamentais para o incremento das exportações, tanto com a compra direta, quanto por meio do canal de divulgação do calçado nacional além das fronteiras. “As expectativas de negócios são muito positivas, pela alta do dólar, que torna nossos preços mais competitivos, e principalmente por serem mercados que veem o Brasil como referência em moda”, projeta. Para esta edição da Francal, o Projeto Comprador trouxe cinco importadores da Colômbia e um da Bolívia

PREÇO – Para o diretor de Desenvolvimento de Fornecedores da Cia Brasil (Lisboa/Portugal), José Gouveia, que também esteve na Francal o grande empecilho para aumentar as vendas para Portugal e Espanha ainda é o preço. A empresa, que é importadora e distribuidora das marcas Havaianas e Dupé – da São Paulo Alpargatas – nestes países, prospecta levar em torno de 700 mil pares para a Europa este ano. “Só vale à pena mandar para lá produtos de empresas que investem nas marcas”, diz ele, que elogia a crescente preocupação brasileira com design e qualidade dos materiais empregados nos calçados.