Dólar: exportação de Franca beneficiada pelo aumento

As exportações de sapatos de Franca/SP aumentaram 31,5% somente no mês de julho, período em que 282 mil pares foram vendidos ao exterior, 67 mil a mais de que no mês anterior. No acumulado do ano, a alta chega a 22,5%, quando comparada ao resultado de 2012. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

O principal motivo para este desempenho, segundo os empresários, é a valorização de 18% do dólar frente ao real. No início do ano, a moeda americana estava cotada a R$ 2,04 e hoje beira os R$ 2,40 (cotação do dia 28/08). “Isso faz com que o sapato fique mais barato em países que utilizam o dólar em transações comerciais”, explica José Humberto da Cunha, diretor da Gilbershoe, empresa que representa oito importadores de países da América Latina e dos Estados Unidos em Franca. Para ele, preços mais competitivos podem fazer o Brasil turbinar as vendas ao exterior. “Nossos clientes continuam lá fora e muitos querem voltar a comprar da gente. Estamos torcendo para que o dólar fique estável. Se continuar neste patamar, em janeiro teremos uma boa Couromoda”, garante.

INTERESSE – A melhora do mercado externo tem beneficiado diretamente as empresas de Franca. A Anatomic Gel, por exemplo, não só viu suas exportações aumentarem cerca de 15%, como também tem registrado maior interesse do mercado. “O crescimento até agora foi pequeno, mas temos recebido muitos contatos e propostas que podem ser colocadas em desenvolvimento”, afirma o diretor comercial, Jean César Marques.

Apesar do cenário favorável, a maioria dos empresários ainda se diz desconfiada quanto à estabilidade do dólar. “Ainda é cedo para termos certeza de que não haverá mais oscilações. Precisamos ver o Governo Federal nos acenar com políticas mais claras de incentivos à exportação. Não podemos contar apenas com a 'sorte’ de um câmbio flutuante. Temos de ter mais segurança”, argumenta o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca), José Carlos Brigagão do Couto.

Visão mais otimista tem o diretor de Marketing da Sândalo, Téti Brigagão. Ele conta que atualmente 20% dos 1,6 mil pares de sapatos produzidos por dia pela fábrica são destinados ao mercado externo e que a meta é chegar a 30% até o final deste ano. “Sentimos que o mercado está aquecido lá fora e vamos investir. ”, antecipa.

CENÁRIO NACIONAL – O bom desempenho e o otimismo de Franca não são compartilhados por todos. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), depois de um aquecimento nos primeiros cinco meses do ano, as exportações voltaram a cair e já registram “estabilidade negativa”. De janeiro a julho, a exportação rendeu US$ 628,2 milhões, número praticamente igual ao do mesmo período de 2012 (US$ 628,3 milhões). É importante lembrar que o ano passado foi um dos piores na história da exportação calçadista.