Documentário de Karl Lagerfeld: um holofote fascinante sobre um fenômeno da moda

O documentário de Michael Waldman sobre Karl Lagerfeld, The Mysterious Mr Lagerfeld, foi ao ar na BBC no Reino Unido no final da semana passada (e será lançado globalmente em breve) e tem obtido classificações de cinco estrelas pelos críticos.

Lançado junto com a explosão de publicidade em torno do Met Gala com tema de Karl e da exposição Lagerfeld no Met, o documentário destaca ainda mais a importância do designer. Ele pode não ter sido - originalmente - tão conhecido fora do mundo da moda quanto contemporâneos como Yves Saint Laurent, mas sua fama cresceu e ele teve um impacto muito profundo na maneira como as mulheres se vestiam ao longo de várias décadas.

Como a recente série de documentários Kingdom of Dreams, o filme lança uma luz sobre o mundo da moda de luxo de uma forma única. Ele não segue uma linha do tempo cronológica ou analisa todos os aspectos da carreira de Karl. Se você quiser conhecer o trabalho dele na Chloé ou na Fendi, por exemplo, ele não mostra.

Mas 10 minutos depois, tendo aceitado a maneira como os cineastas montaram, é uma viagem agradável e esclarecedora. Você pode, é claro, apenas se maravilhar com o dinheiro gasto nos cenários dos desfiles da Chanel (como o supermercado recriado, o terminal aéreo ou a praia), além das roupas. E você pode se perguntar, junto com os cineastas, sobre o que exatamente estava no testamento de Lagerfeld e quem ficou com a maior parte de seus milhões. Mas, acima de tudo, é uma visão fascinante do mundo rarefeito de Lagerfeld e de uma vida muito diferente daquela que a maioria de nós experimenta.

Além dos executivos da Chanel e de sua própria marca, conhecemos os dois supermodelos que eram como filhos substitutos para ele (Baptiste Giabiconi e Brad Kroenig, cujos próprios filhos são afilhados de Lagerfeld e aparecem regularmente nos desfiles da Chanel). Aprendemos um pouco sobre os homens que ele amou, principalmente Jacques de Bascher, que morreu jovem e também teve um relacionamento com o odiado rival de Lagerfeld, Saint Laurent. E aprendemos muito sobre Choupette, a gata que ele adorava e transformou em uma superestrela.

Também descobrimos sua sobrinha americana cuja honestidade e falta de interesse pela moda, mas o prazer de estar às vezes com seu tio megastar, são bastante desarmantes. E conhecemos o guarda-costas Sébastien Jondeau, que era muito protetor com seu empregador. Aparecem no filme também duas ex-editoras da Vogue Paris: Carine Roitfeld (também colaboradora de Lagerfeld) e Colombe Pringle; além de sua musa Amanda Harlech; e vários outros personagens, como um vizinho parisiense, um ex-amigo, seu advogado e seu médico.

O documentário também mostra um lado não tão positivo da personalidade de Karl, e lembra como ele deixou alguns amigos, além de sua fuga pouco edificante e levemente ridícula para Mônaco, por exemplo. Ele comprou uma propriedade de luxo no país para morar e evitar os altos impostos do governo socialista de François Mitterand, apenas para descobrir que a propriedade estava na verdade um pouco além da fronteira com Mônaco e também na França. E Lagerfeld era conhecido por sua língua ácida com suas citações infames sobre Adele ser "um pouco gorda demais" e Coco Chanel ser "uma vadia má", ambas incluídas no filme.

Em relação ao lado positivo do criador, o documentário também destaca seu inegável gênio da moda (e do marketing), sua generosidade ultra-extrema, lealdade geral aos amigos, gosto requintado, cultura (e os mais de meio milhão de euros que gastava anualmente na livraria parisiense Librairie Galignani), assim como as lágrimas das modelos no primeiro desfile da Chanel logo após sua morte.

Em suma, qualquer documentário que deixa você com a sensação de que gostaria que fosse mais longo merece cinco estrelas.

Documentário de Karl Lagerfeld: um holofote fascinante sobre um fenômeno da moda

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