Dior Men: Kim Jones triunfa no Champ de Mars
Há momentos em que parece que, de repente, os planetas parecem se alinhar para um designer, e é exatamente o que aconteceu com Kim Jones na última sexta-feira em Paris, com um excelente desfile e coleção para a Dior Men.
Um daqueles momentos na moda em que tudo foi acertado. Uma coleção estelar, na qual a habilidade de drapear, a precisão da alfaiataria, os acessórios cativantes, o estilo perfeito e o cenário se encaixaram perfeitamente.
O local também foi acertado: o Champ de Mars, nomeado em homenagem aos vastos campos onde os exércitos costumavam treinar na Roma antiga. O desfile foi organizado com precisão militar, misturando alma parisiense e história - marcando uma grande vitória para Jones.
A Dior também apresentou uma decoração brilhante, ma imensa caixa preta com uma escadaria móvel de 78 metros na qual o elenco desfilou multi-racial impecavelmente escolhido. Pinturas de moda vivas.
O DNA da Dior permeou toda a coleção, mas sempre em termos de Jones, como foi possível observar na versão punk e pintada com spray da estampa Panthère de Monsieur Dior criada por Kim, ou nos amuletos cristãos supersticiosos feitos como alfinetes de segurança de CD. Punk parisiense com uma atitude nova.
No entanto, o elemento-chave foi a alfaiataria, feita em tons de cinza ardósia, roxo lamacento e carvão, cortada com elegância clássica e depois finalizada com envoltórios de tecido combinando, cachecóis, faixas elásticas e estolas. Quanto aos calçados, botas modernistas - outra referência à Monsieur Dior - e botas expedicionárias dos Estados Unidos. Sam Peckinpah chega à alta-costura.
Jones vem caminhando para esse triunfo há uma década, desde que ele chegou como um talento emergente mostrando roupas para clubes noturnos e roupas esportivas de vanguarda. Sua fama começou em sua posição anterior na Louis Vuitton, criando um estilo inteligente baseado na mistura do monograma com múltiplas culturas. Mas esta segunda coleção de Jones para Dior Men foi o seu auge.
O convite do desfile de Kim era uma bolsa macia com uma ilustração que lembrava a Revolução Francesa, telegrafando suas intenções. A imagem - uma das muitas feitas pelo sombrio artista nascido no Arizona, Raymond Pettibon - apresentava um sans-culotte de cabelos desgrenhados, cercado por uma série de frases: “C'est moi. A manifestação da feminilidade. A caricatura de personagens. A imagem do retrato. A ilustração da iluminação". As imagens de Pettibon apareceram em toda a coleção, em cases elegantes, tops e mochilas arrojados.
Kim Jones fez isso desconstruindo os códigos da Dior, mesmo enquanto prestava homenagem eles. O cenário era ideal, sendo este o lugar onde os revolucionários organizaram o Culto do Ser Supremo em 1774, e onde um ex-prefeito de Paris foi guilhotinado. Isso faz com que os "coletes amarelos" pareçam muito tranquilos.
Jones provavelmente exagerou seu apego no legado Dior em muitas entrevistas até então, portanto foi reconfortante vê-lo reformando a marca à sua imagem. Os calorosos aplausos após o desfile demostraram o apreço do público pelo trabalho que fez na Dior Men.
"Eu queria a preciosidade e a arte da alta-costura e da alma de Paris, eu queria algo verdadeiramente parisiense", disse Jones nos bastidores, depois do que parece ter sido o desfile mais marcante da temporada da moda masculina. Difícil imaginar alguém superando isso.
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