EFE
Novello Dariella
16 de out. de 2019
Desgaste do Brasil, México e Argentina retarda a economia latino-americana
EFE
Novello Dariella
16 de out. de 2019
A região da América Latina e do Caribe irá sofrer uma desaceleração econômica significativa este ano. O Fundo Monetário Internacional (FMI) espera que um crescimento de 0,2%, quatro décimos a menos do que o previsto em julho, principalmente devido ao desgaste de suas grandes economias: Brasil, México e Argentina.
Esse crescimento próximo de zero, também influenciado pela crise na Venezuela e a instabilidade no Equador, está longe do 1% registrado em 2018. Em 2020, a economia latino-americana deve avançar 1,8%, segundo o FMI, cinco décimos abaixo do calculado há apenas quatro meses.
"Na América Latina, houve uma desaceleração acentuada no início do ano nas maiores economias, refletindo principalmente fatores idiossincráticos. Agora, é esperado um crescimento de 0,2% na região este ano", disse o FMI em seu relatório “Perspectivas Econômicas Globais”.
Para o FMI, essa "considerável" revisão para 2019 se deve, basicamente, à evolução do Brasil, onde interrupções no fornecimento de mineração prejudicaram o país no primeiro semestre do ano, e do México, onde o investimento continua "fraco" e o consumo privado diminuiu devido à incerteza política, menor confiança e custos mais altos da dívida.
O FMI espera que a economia brasileira cresça 0,9% este ano, um décimo a mais do que o esperado em julho, e 2% em 2020, quatro décimos a menos. No entanto, a desaceleração é mais pronunciada comparada à previsão de abril: 1,2 pontos percentuais a menos este ano e 0,5% a menos em 2020.
Segundo o FMI, no México a economia irá avançar 0,4% este ano e 1,3% no próximo ano, cinco e seis décimos abaixo do estimado anteriormente.
Para o FMI, a economia da Argentina dever contrair "ainda mais" em 2019 devido à menor confiança, maior instabilidade política e condições mais rígidas de financiamento externo. Os cálculos do Fundo sugerem que a Argentina diminuirá 3,1% em 2019 e 1,3% em 2020.
Esses dados representam um ponto de atenção para as autoridades argentinas, pois o FMI havia previsto uma contração de 1,7% este ano, para retomar o caminho positivo em 2020, com um crescimento de 2,7%.
Até agora, a assistência financeira do FMI ao governo argentino, com desembolsos no total de 56,3 bilhões de dólares, não teve o efeito esperado pela instituição multilateral, que espera que a Argentina atinja equilíbrio fiscal primário este ano.
A instabilidade política do Equador e a crise econômica e humanitária da Venezuela
Outro país da América Latina que recebeu recentemente um empréstimo do órgão com sede em Washington foi o Equador, que entrou em uma situação de instabilidade política após os primeiros ajustes feitos pelo Executivo de Lenin Moreno para atender às expectativas do Fundo.
Nesse caso, o FMI acredita que a economia equatoriana irá contrair 0,5% este ano, mas irá se recuperar em 2020 com um avanço de 0,5%.
No entanto, o país com o pior cenário econômico é novamente a Venezuela. Segundo o Fundo, a "profunda crise humanitária e implosão econômica" continua tendo "um impacto devastador na região", com desaceleração de -35% em 2019.
O quarteto fantástico
Entre os aspectos positivos da América Latina, destacam-se as boas perspectivas do Peru, Chile, Colômbia e Bolívia, onde é esperada taxa anual de crescimento acima de 2,5% neste ano e no próximo.
O Peru será um dos motores da região em 2019 e 2020, com um crescimento estimado de 2,6% este ano e de 3,6% no próximo, 1,1 % e cinco décimos a menos, respectivamente.
O Chile deve registrar uma expansão de 2,5% este ano, sete décimos a menos do que o esperado anteriormente, e 3% em 2020, quatro décimos abaixo.
A Colômbia irá crescer 3,4% este ano, como esperado há quatro meses, e 3,6% em 2020, um décimo a menos.
A Bolívia avançará 3,9% neste ano e 3,8% no próximo, porém, abaixo do crescimento de mais de 4% registrado na última década.
Por fim, a perspectiva é positiva para a América Central, que cresceu 2,6% no ano passado. O FMI espera um crescimento de 2,7% em 2019 e de 3,4% em 2020.
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