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Publicado em
26 de out. de 2009
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Couro: uma aposta nas misturas de materiais e sobreposições
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26 de out. de 2009
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A Lineapelle, Feira Internacional de Couro e Sintéticos para roupas, calçados e mobiliário, acontece duas vezes por ano na Itália, e é uma das mais importantes do mundo no setor. Nesta entrevista, a designer de moda e responsável pelas áreas de tendências da edição de inverno 2011, Antonella Bertagnin, destaca tendências, temáticas e apostas para temporadas que virão, além de comentar sobre o impacto da crise econômica mundial na moda.
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UseFashion- Por que o título “Back to Beauty” na Area Trend da Lineapelle?
Antonella Bertagnin - Porque a beleza é a busca fundamental e não adianta fugir dela. Temos que ter um caminho mais direto e não esconder que é isso que queremos: beleza. Mesmo que existam conceitos e explicações complexas, no fundo é o que se busca. E é preciso não ter medo dessa busca, apenas deixar a criatividade fluir. Coloquei algumas frases que exprimem isso, no painel da Área Trend. Uma delas é “Não tenha medo da perfeição. Você nunca vai alcançá-la”, de Salvador Dalí.
UF - A Área Trend está mais enxuta. A tendência é uma busca de estilo mais concentrada e menos caótica?
AB - Sim. Pelo que pesquisamos e sentimos durante o ano, a vontade geral é de trabalhar melhor em menos temas. A quantidade de informação no ar é sempre gigante e houve uma época de deslumbre em relação a essa quantidade de referências, principalmente com a globalização das mídias. Nossa proposta é andar em menos direções, por isso propusemos quatro temas enxutos: Geologia, Retrogosto, Evasão e Experimento.
UF - Você pode desenvolver cada um desses temas, por favor?
AB - O tema Geologia segue uma corrente já presente na edição passada e que ainda deve durar bastante, que é a ligação com a natureza. Existe essa busca e isso se reflete, obviamente, na moda. As formas orgânicas, as cores que lembram a natureza, a pele em seu estado mais natural possível, com sua granulação à mostra. Já Retrogosto é a continuação do vintage, mas um vintage mais soft, mais leve, menos datado. A ideia aqui é se render ao gosto pela maciez da camurça, pelo conforto do aspecto de lavado, usado. Em relação aos acessórios, uma busca por metais com aspecto de ferrugem. No tema Evasão, propusemos formas geométricas menos sólidas, mais maleáveis e uma busca de cores estilo escola de Bauhaus, com cores primárias como amarelo, vermelho e azul em seu estado puro. O tema Experimento é o de colocar coisas contrastantes juntas, desde misturar uma cor nude com uma cor forte, já que o nude não vai sozinho de jeito nenhum.
UF - Muito dos produtos expostos na Área Trend apresentavam costuras à mostra, apliques feitos de um jeito propositalmente “rudimentar”, certo?
AB - Sim, a ideia é mostrar que se está misturando. E é também de acoplar materiais que, até pouco tempo atrás, pareciam “inimisturáveis”, como tecidos pesados com leves, sobrepostos, emendados mesmo. E essa junção é uma junção de costuras aparentes, feitas de propósito, sem disfarce.
UF - O estilo animal print já apareceu em semanas de moda e está nas ruas, mas continua sendo lançado em feiras para o ano que vem. Não seria um exagero desse estilo?
AB - O animal print está chegando em seu auge, é o que chamamos de “pico de tendência”. A febre não acabou, mas provavelmente na próxima feira já não vai estar tão presente.
UF - Depois do grande impacto da crise, como está a indústria da moda?
AB - Existe uma certa positividade no ar, mas de modo global o mercado percebeu que está em mutação. As coisas não vão mais ser como eram antes, principalmente para quem está, ou estava, no topo das negociações. Muito dinheiro foi gasto, muito dinheiro foi perdido, é preciso agora ter menos pressa.
Nas imagens, estandes que apostaram no animal print para o inverno 2011.
Por UseFashion/Bolonha
Fotos: UseFashion
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