Europa Press
15 de out. de 2014
Contra economia pífia, Mastercard diversifica canais no Brasil
Europa Press
15 de out. de 2014
São Paulo (Reuters/EP) – A Mastercard vai ampliar o uso de canais eletrônicos e sua penetração regional no Brasil, onde o fraco crescimento econômico e a desaceleração da substituição de cheque e dinheiro por cartões têm reduzido à metade o ritmo de expansão da companhia em seu segundo maior mercado mundial.
"É evidente que a velocidade agora é diferente e vamos ter de conquistar novos espaços", disse à Reuters o presidente da MasterCard Brasil e Cone Sul, João Pedro Paro Neto.
A companhia, segunda maior bandeira de cartões de débito e de crédito do mundo, não divulga dados específicos do país, mas ele afirmou esperar que a indústria como um todo avance em torno de 15% em faturamento este ano.
É cerca de metade do ritmo exibido pelo segmento até o começo da década, apoiado numa combinação de crescimento econômico, estímulo estatal ao consumo e bancarização em massa.
De acordo com os números mais recentes da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), os pagamentos com cartões somaram 455 bilhões de reais no país no primeiro semestre, uma alta de 16,3% ante mesma etapa de 2013.
De acordo com Paro Neto, a tendência histórica de maior uso de canais eletrônicos de pagamento ainda manterá o crescimento da indústria de cartões no Brasil por alguns anos, mesmo com o ciclo prolongado de baixa da economia.
Mas a empresa está se mexendo para evitar uma desaceleração maior, ampliando parcerias para uso de novos canais eletrônicos de pagamento, fazendo acordos regionais para tentar ampliar a aceitação de cartões em lugares mais afastados dos grandes centros e tentando convencer mais lojistas a aceitarem cartões.
"Temos que estar em mais lugares ao mesmo tempo", disse. Isso é parte de um movimento mundial, dentro do qual a Mastercard vem buscando se fazer presente em novos canais digitais e costurando parcerias de marketing para ampliar a fidelização de clientes.
A empresa firmou parceria com a Apple para integrar o Apple Pay, sistema em que usuários poderão usar os recém-lançados iPhone 6 Plus e Apple Watch para fazer pagamentos.
A Mastercard também vem firmando parcerias de marketing digital e fidelização. Em julho, concluiu a aquisição da australiana Pinpoint, empresa de programas de recompensa de clientes.
"A ideia é não ficarmos restritos só ao pagamento, mas participar mais de todo o ecossistema, envolvendo o antes e o depois (das transações)", disse Paro Neto.
As iniciativas acontecem num momento de expectativa de desaceleração global das receitas, com a empresa enfrentando fraqueza econômica na América Latina, onde espera dobrar a sua receita líquida nos próximos quatro a cinco anos.
No mês passado, a Mastercard divulgou que espera ter em 2014 um crescimento da sua receita no mundo em torno de 11%, no piso da meta de expansão anual nos próximos três anos.
Aversão a cartões
Não bastasse o panorama econômico mais adverso, a Mastercard também tenta superar a resistência de pequenos comerciantes e prestadores de serviço em aceitar cartões no Brasil.
Embora as empresas da indústria de cartões minimizem o fato, esse tem sido um problema persistente no país, com parte dos lojistas oferecendo preço menor a clientes no pagamento com dinheiro ou simplesmente rejeitando receber pagamentos com cartões. Esse público é o que geralmente paga maiores taxas percentuais de tarifas às credenciadoras.
O problema pode se agravar nos próximos meses, se a Câmara dos Deputados aprovar um projeto de lei que autoriza os lojistas a cobrarem preços diferentes entre compras em dinheiro ou com cartão. O texto foi aprovado no início de agosto pelo Senado.
"A forma de combater isso é mostrar aos lojistas que há um valor potencial para ele quando aceita o cartão, com uma base de dados que mostram hábitos de consumo dos clientes", disse Paro Neto, explicando que a Mastercard vem trabalhando em parceria com credenciadoras para oferecer esses dados aos lojistas.
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