Reuters API
Novello Dariella
21 de jun. de 2018
Chanel finalmente revela seus resultados e está perto dos 10 bilhões de dólares
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Novello Dariella
21 de jun. de 2018
Paris (Reuters) - Nesta quinta-feira (21), a Chanel revelou, para surpresa de todos e pela primeira vez em sua história, seus resultados financeiros, que colocam a célebre grife francesa entre as principais marcas de luxo do mundo. Esta decisão inesperada por parte de um grupo que sempre manteve seus dados em segredo "é um momento histórico para a Chanel", reconheceu Philippe Blondiaux, diretor financeiro da empresa, em entrevista à Reuters. "Percebemos que nossa cultura de discrição não nos servia mais. Esta publicação permitirá que os comentaristas tenham números precisos sobre a saúde financeira da Chanel ", acrescentou.

Ao ser questionado se esta divulgação poderia preceder um possível IPO ou uma entrada em Bolsa, Philippe Blondiaux disse que "de forma alguma isso está previsto". “Ao contrário, esses números mostram que temos todos os meios para permanecer como estamos. Uma sociedade incrivelmente sólida (...) que pode permanecer independente e privada pelos próximos cem anos", disse ele.
O grupo, apoiado pela marca criada em 1910 por Coco Chanel e conhecida mundialmente por suas bolsas matelassê e seu perfume N ° 5, alcançou um faturamento de 9,62 bilhões de dólares em 2017, um aumento de 11,5% em dados comparáveis, e de 11% à taxas de câmbio constantes, de acordo com comunicado divulgado na quinta-feira.
Assim como os seus concorrentes, a marca se beneficia de um contexto favorável ao luxo, impulsionado em particular pelo apetite dos jovens chineses. Mas ao contrário de seus pares, a marca continua distante do comércio eletrônico - em relação à sua moda e seus artigos de couro - que impulsiona algumas das vendas do setor. Na Gucci (que pertence ao grupo Kering), que tem como objetivo ultrapassar o grupo Louis Vuitton (LVMH) como a principal marca de luxo do mundo, o comércio online pode vir a representar 10% de suas vendas.
Remodelação do conselho
A Chanel não divulgou os resultados detalhados de seus cosméticos, artigos de moda e couro, e joias e relógios, mas com quase 10 bilhões de dólares (8,3 bilhões de euros), ela está perto da Louis Vuitton, cujas vendas são estimadas em mais de oito bilhões de euros. A receita operacional aumentou 22,5% em 2017 para 2,69 bilhões de dólares, com uma margem operacional de 28%, e o lucro líquido aumentou 18,5%, para 1,79 bilhão de dólares.
O grupo gerou um fluxo de caixa livre de 1,63 bilhão de dólares, um aumento de 5,7%, e sua dívida financeira líquida foi de 18 milhões de dólares no final de 2017. Cerca de 1,46 bilhão de dólares foram destinados à publicidade e promoção (+ 14,5%), enquanto 429 milhões (+ 10%) foram investidos em lojas e ferramentas tecnológicas. Esse valor deve dobrar 2018, disse Philippe Blondiaux.
A Chanel, cuja comunicação até agora se concentrou nos produtos e na criatividade de suas coleções, dirigidas há 35 anos pelo ícone da moda mundial Karl Lagerfeld, permanece, no entanto, não fala sobre a sucessão de seu emblemático diretor artístico, que tem mais de 80 anos de idade. O grupo pertence aos muito discretos irmãos Alain e Gérard Wertheimer, que têm 69 e 68 anos, respectivamente, e cuja fortuna foi avaliada em 21 bilhões de euros em 2017 pela revista Challenges.
Os números divulgados na quinta-feira são os dados consolidados das entidades do grupo no mundo todo e incluem a marca de lingerie e moda praia Erès, bem como vinhas na França e na Califórnia. O grupo simplificou suas estruturas em 2017 e os irmãos Wertheimer, cujos filhos não trabalham na empresa, renunciaram ao conselho de administração no ano passado. Questionado sobre essa saída, Philippe Blondiaux simplesmente alegou “motivos pessoais”, mas acrescentou que Alain Wertheimer continua sendo o diretor geral do grupo.
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