Godfrey Deeny
10 de mar. de 2021
Chanel: festa até altas horas da noite no Club Castel
Godfrey Deeny
10 de mar. de 2021
A Chanel levou a sua mais recente coleção ao Club Castel, o espaço noturno mais famoso de Paris, situado na Rive Gauche, à margem esquerda do rio Sena.
Como muitas outras maisons, a Chanel enviou em uma caixa o lookbook deste desfile de moda, com capa e miolo fotografados pela lendária dupla holandesa Inez van Lamsveerde e Vinoodh Matadin, também conhecida como Inez & Vinoodh, que trabalha em revistas de moda e campanhas publicitárias, além de obras de arte independentes.
O teaser do desfile era uma colagem dadaísta de pérolas, olhos escuros e cravos ao som de, Do You Know Where You're Going To? (Você Sabe Para Onde Vai?), o tema do filme Mahogany de 1975, dirigido por Berry Gordy, no qual Diana Ross interpreta uma ambiciosa estudante de moda em Chicago e se torna uma designer de sucesso em Roma.
O que levanta a questão óbvia de onde Virginie Viard quer realmente levar a Chanel. Nesta temporada, o local o Club Castel, um clube noturno com antiguidades falsas, repleto de veludo vermelho e dourado, murais de Keith Haring nas paredes e um bistrô gourmet onde ícones franceses como Johnny Hallyday, Caroline de Mônaco, Serge Gainsbourg e Brigitte Bardot se misturaram por vezes com personalidades estrangeiras como Mick Jagger, Aristóteles Onassis e Amanda Lear. Destemido, um pianista faz serenatas a grandes nomes do rugby, aristocratas altivos e às modelos nas passarelas.
Até a sua localização parece ter sido escolhida a dedo: o número 15 da rua Princesse, a algumas centenas de metros do Café de Flore, o clube acolheu por vezes figuras do mundo literário como Françoise Sagan.
Ironicamente, a coleção fazia lembrar mais uma noite nas encostas do que um cocktail de aristocratas em Saint-Germain-des-Prés. O ambiente era mais adequado para as estações de esqui de Courchevel ou Courmayeur, na França e na Itália, do que para o Castel.
Os primeiros looks mostraram um grupo de modelos vestidas de chenille preto e casacos de tweed bouclette, com minissaias, botas de neve felpudas e colares infinitos.
Assim que passaram a porta do clube, elas desceram todas para a festa em pleno andamento. Elas podiam ser vistas em roupas de esqui acolchoadas, macacões vermelho s e parkas em pele de ovelha estampada ou acolchoados pretos. Virginie Viard está obviamente a se preparando para um inverno rigoroso, com vestidos tradicionais adornados com cristais, ou chapéus de lã acolchoados com cravos vermelhos de tecido.
As modelos perambularam pelos corredores escuros e estreitos da discoteca, antes de se desfazerem de suas roupas supérfluas para chegarem à pista de dança, revelando vestidos cocktail metálicos, alguns quilómetros de pernas, casacos trespassados forrados com pele e um novo lote de botas de esqui com pêlo preto falso estilo yeti.
Foram apresentados tops brilhantes adornados com os números preferidos da maison – do n.º 5 ao n.º 22 – estampados em relevo. Os pescoços das modelos foram embelezados com infinitas correntes, pérolas, medalhões e colares, e os olhos eram muito esfumados.
Lantejoulas por toda parte: até as calças de treino brilharam bem cobertas de cristais. Quanto aos casacos de couro, estes surgiram em tons de cobre e prata. Em suma, um ambiente de festa inquestionável, simbolizado pela trilha sonora do DJ Michel Gaubert, para ser escutada na Apple Music.
"Adoro contrastes, por isso, para apresentar peças de inverno mais volumosas, eu queria um espaço pequeno. Não sei se isto se deve aos tempos em que vivemos, mas eu queria algo quente e animado. Imaginei as modelos desfilando por conta própria, indo de uma sala à outra, se cruzando nas escadas.... E voltei a pensar nos desfiles dos quais Karl me falou há muito tempo, quando as modelos se vestiam e maquiavam sozinhas", explicou Virginie Viard no seu programa.
Mais uma vez, Virginie Viard conseguiu habilmente rejuvenescer a cliente Chanel, sem nunca negar o DNA da marca. Esse parece ter se tornado um de seus truques favoritos, e os resultados nas caixas registradoras da empresa mostram que a estratégia está funcionando muito bem.
Na metade do desfile, algumas modelos chegaram a se despir, ficando apenas de calcinhas e collants. No banheiro feminino, elas começaram a maquiar, fazendo eco às memórias da juventude de Karl Lagerfeld. A noite se prolongou até o amanhecer, quando as modelos se levantaram para aplaudir a designer sorridente antes de deixar o clube.
Lamentamos ter perdido a festa!
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