Chanel conclui reestruturação e torna-se legalmente britânica
Em janeiro de 2016, Maureen Chiquet, CEO da Chanel, foi demitida. Neste contexto e por ocasião da publicação dos seus resultados anuais, a marca mencionou a venda da sua filial britânica à uma outra entidade de sua propriedade. Foi o início de um longo processo de reestruturação, que terminou este ano com a nomeação de Alain Wertheimer, um dos principais acionistas do grupo, junto com o seu irmão Gérard, para a liderança do conselho de administração da Chanel Limited, que se tornou a empresa-mãe do grupo, conforme revelado pelo novo site de investigação Glitz.paris do grupo de imprensa independente Indigo Publications.

Contactada pela FashionNetwork.com, a Chanel nos informou através de um porta-voz: "A decisão de tornar a Chanel Limited uma holding operacional comum a todas as empresas Chanel, foi tomada em 2018, com o objetivo de simplificar e modernizar a nossa organização administrativa e jurídica e centro decisório que até então estava situado em Nova York."
Por ocasião dessa transferência em 2018, a Chanel já havia explicado ter "simplificado e racionalizado a estrutura da empresa com a criação da holding Chanel Limited, localizada em Londres". A empresa especificou à AFP: "Desde o verão de 2017, e conforme anunciado em junho passado durante a apresentação dos nossos resultados anuais, a Chanel Limited é a holding da maioria das entidades Chanel." E acrescentou "que, historicamente, essas entidades pertenciam a diferentes holdings".
Uma reorganização que faz da marca, símbolo por excelência do luxo francês, uma empresa inglesa. Uma escolha que poderá surpreender, especialmente porque a Chanel optou por transferir a sua sede para o Reino Unido precisamente no momento em que o país iniciava a sua saída da União Europeia. A marca explica a sua motivação nestes termos: "Londres era o lugar certo para uma empresa internacional. Londres é o lugar mais central para os nossos mercados, usa a língua inglesa, que é o idioma usado no grupo para todas as nossas reuniões internacionais, e tem sólidas normas de governança corporativa.”
A marca salienta, no entanto, que "continua a ser uma marca historicamente de origem francesa". "O grupo Chanel sempre foi internacional, presente em 110 países, com grandes entidades em Nova York, Paris, Hong Kong, Genebra, Xangai e até Tóquio." Além disso, "desde a criação da sua sede operacional e financeira em Londres, a Chanel continuou a investir, recrutar e a se desenvolver na França, bem como nos outros países onde o grupo está presente".
Atualmente, a Chanel Limited (Chanel Ltd) é propriedade da Litor, holding familiar dos Wertheimer, com sede nas Caimã, conforme revelado pela Glitz, lembrando que a empresa "controla todas as filiais do grupo em todo o mundo e consolida as suas contas à escala planetária". A sua sede está instalada num edifício localizado na Bond Street, acima da sua boutique londrina.
A Chanel alcançou em 2022 um volume de negócios de 15,6 bilhões de dólares, com um lucro líquido de 4 bilhões. Desde fevereiro de 2022, o império Chanel é liderado em Londres por Leena Nair (ex-Unilever), CEO da Chanel Ltd, e por Alain Wertheimer como presidente executivo. Como sublinha a Glizt.paris, "Bruno Pavlovsky, o presidente da filial francesa, é agora o único diretor da Chanel Ltd a residir na França".
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