Chanel apresenta a sua alta-costura às margens virtuais do Sena
“Perfil alto, tudo levantado. Pode abrir e fechar tudo e há uma minissaia por baixo”, afirmava um Karl Lagerfeld sorridente no backstage referindo-se a metade dos looks, após um deslumbrante desfile de alta costura da Chanel, organizado no Grand Palais na manhã de terça-feira.

O espaço gigantesco foi reinventado como as margens do rio Sena, com bancas de bouquinistes, postes de iluminação e, como pano de fundo, o Institut de France, o imponente edifício clássico que acolhe a Academie Française.
“A alta-costura é francesa e tem que estar em Paris. Da minha janela, vejo o Quai Voltaire. É um dos mais belos edifícios de Paris, e está mesmo ao lado de minha casa”, disse Lagerfeld, que mora a 180 metros de distância.
O desfile abriu com looks refinados num cinza que combinava com os muros de pedra do Sena, casacos longos e redingotes com mangas tulipa abertas - todos feitos em lãs antracite ou cetins delicados. Lagerfeld apresentou um novo terno Chanel com lapelas masculinas e saias até ao tornozelo cortadas até ao quadril. Tudo acompanhado por botas em couro cinza claro, tweed escuro ou prateado. Para a noite, Karl trabalhou hectares de prata, vista em acabamentos em vestidos de cocktail, boleros e corpetes sensuais, saias dramáticas de lã prateada entrançada e deslumbrantes vestidos de noite com ombros pontiagudos que ficarão maravilhosos no tapete vermelho.
Para terminar, o tradicional desfile de alta-costura com vestido de noiva, desta vez usado por uma modelo negra. Esta foi apenas a segunda vez que uma pessoa negra alcançou esta distinção na Chanel, desde que Alek Wek o fez, há 15 anos.
Um verdadeiro workaholic, Karl já está trabalhando nas próximas coleções, incluindo a Cruise. “Mas não vamos mais chamar de Cruise, não! Vamos chamar de Voyage. Porque, francamente, cruise (cruzeiro) é tão antiquado, tão fora de moda. Imagine viajar com cerca de 5 mil pessoas. Que horror! E certamente nada luxuoso”, disse Karl com desdém.
Mesmo antes do início do desfile, a Chanel anunciou que Penélope Cruz havia sido nomeada a sua mais recente embaixadora. Cruz será a musa da coleção cruise da Chanel. Nota: a Chanel tem atualmente mais embaixadores do que as Nações Unidas, incluindo Kristen Stewart, Lily Rose Depp, Keira Knightley e Marine Vacth.

O desfile foi o primeiro da marca desde que a Chanel revelou, no mês passado, inesperadamente e pela primeira vez, os seus dados financeiros exatos, mostrando que a empresa obteve uma notável faturação anual de 9,62 bilhões de dólares em 2017.
“Porquê agora?”, perguntou a FashionNetwork.com a Bruno Pavlovsky, presidente de moda e acessórios da Chanel. "Por que não? Estamos muito orgulhosos do que fazemos”, respondeu.
Questionado sobre um artigo recente do New York Times, que sugeria que a Chanel divulgou os números em parte para desencorajar qualquer possível oferta do gigante conglomerado francês LVMH, Pavlovsky respondeu: "Isso é absurdo."
E ninguém desempenhou um papel mais importante no sucesso da Chanel do que o workaholic Lagerfeld. Incrivelmente, este octogenário vai apresentar duas coleções de alta-costura em Paris esta semana. O seu segundo turno é na Fendi Couture, na noite de quarta-feira.
Ainda assim, Lagerfeld encontra tempo para ser o maior amante de animais de estimação do mundo, pelo menos do seu gato branco, Choupette. "Odeio voltar para casa quando Choupette não está no apartamento", confessou Lagerfeld, depois de ver dezenas de fotos de Choupette com dois editores franceses. O couturier alemão confessou ter 15 mil fotos do seu querido gato.
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