Chanel apresenta 19M, a sua nova sede do Métiers d’Art
A Chanel revelou a estrutura do seu novo edifício 19M, no nordeste de Paris que irá agrupar todos os negócios do Métiers d'Art numa única constelação do savoir-faire francês.
Num gesto simbólico para içar a bandeira, Bruno Pavlovsky, presidente da Chanel Fashion e presidente da Chanel SAS, apresentou a 19M na segunda feira, numa noite húmida e com muito vento, a cerca de 100 pessoas: editores, políticos locais, artesãos e artistas locais.
O edifício triangular de 25 mil metros quadrados vai acolher uma coleção insubstituível de empresas especializadas, algumas datadas de meados do século XIX, fornecedores especializados em bordados, plumas, tecidos plissados, pérolas, botas e luvas, além de alta costura e casas de prêt-à-porter de gama alta.
“Há um ano, lançámos a primeira pedra, símbolo de uma longa história de amor entre a Chanel e todos estes grandes artesãos. Por que lhe chamámos 19M? M é de Métiers d'Art, M de moda, M de mão e M de maison e manufatura, mostrando a nossa união absoluta com estes artesãos. E 19 porque estamos no 19.º arrondissement e porque é o dia em que Gabrielle Chanel nasceu”, explicou Pavlovsky.
Quando for inaugurada, dentro de um ano, a 19M acolherá cerca de 600 funcionários, reunindo 10 das casas especializadas da divisão Paraffection da Chanel, que totaliza cerca de 25 empresas diferentes. Entre estas estão a Lesage Intérieurs e a sua escola de artes do bordado, o atelier Montex e o MTX, o seu departamento de decoração, o sapateiro Massaro, o especialista em plumas e flores Lemarié, o chapeleiro Milliner Maison Michel, o tecelão Lognon, além do departamento criativo da Eres, a linha de swimwear do extenso grupo Chanel.
Pavlovsky pede que a 19M seja "uma casa aberta, um local de encontro com a diversidade... Um centro nevrálgico onde artesãos, público, escolas e estudantes e amantes de arte se possam encontrar". A 19M inclui também um espaço de exposição de 1200 metros quadrados, onde se realizou esta cerimónia.
A nova estrutura foi construída num imenso local de 9 mil metros quadrados na Place Skanderbeg, uma rotunda sobre o anel rodoviário Périphérique de Paris, em Aubervilliers, um subúrbio no norte da cidade com um presidente da câmara comunista. A 19M foi projetada por Rudy Ricciotti, o arquiteto francês mais conhecido pelo Museu das Civilizações Europeias e do Mediterrâneo de forma cuboide, conhecido pelo trabalho de treliça em cimento armado que o rodeia.
Algo semelhante acontecerá na 19M, que será cercada por fios de cimento muito altos, com 24 metros de altura, evocando tecidos de luxo, o coração da moda. De propriedade privada, a Chanel se recusou a dizer quanto custou o edifício.
“Sempre dei preferência nas minhas áreas de construção a empresas, empregos e materiais franceses. Não aos da China, Turquia ou Bangladesh. Este não é um discurso de extrema-direita, mas um discurso de um patriota que ama o seu país... No entanto, vejo este projeto como eminentemente político. A Chanel produz e defende o savoir-faire francês aqui em Paris, capital de França. É preciso lembrar que estes métiers são coisas extremamente frágeis, é difícil transmitir todos estes savoir-faires e estas habilidades a uma nova geração. É por isso que me sinto tão honrado por a Chanel me ter confiado este projeto para garantir que estes objetos milagrosos continuem a existir", disse Ricciotti num discurso apaixonado.
Questionado pela FashionNetwork.com sobre o motivo pelo qual a Chanel havia escolhido Ricciotti, Pavlovsky respondeu: “Porque era a ideia mais louca. Quem mais quereria cobrir o nosso edifício de tecidos? Agora a sério, a sua conceção de espaço, a sua utilização da luz e o seu sentido de como o edifício tinha que se adaptar a cada métier fizeram de Rudy uma ótima escolha.”
No final do século passado, a Chanel começou tomou consciência da necessidade de proteger estas habilidades únicas e, em 1997, criou a empresa Paraffection para albergar todas as suas marcas Métiers d´Art.
Mas, na verdade, os vínculos da Chanel com estas marcas remontam à própria Coco Chanel. Já em 1954, esta recorreu ao especialista em ouro Goossens para desenvolver joias sofisticadas para a Chanel, enquanto, três anos depois, o fabricante de botas Massaro desenvolveu o primeiro sapato bicolor, que se tornaria um ícone clássico da Chanel. Mademoiselle Chanel recorreu à Lemarié em 1960 para desenvolver as primeiras versões em tecido da sua flor favorita, a camélia.
A Chanel já investiu no passado na área da classe trabalhadora no nordeste de Paris foi num edifício existente que albergava várias das suas marcas Métiers d´Art, que no futuro vão transitar para a 19M.
É, certamente, de uma área que desfruta de um renascimento lento, mas constante. Em 1982, a Hermès começou a criar uma série de escritórios, incluindo os seus ateliers de couro nas proximidades, em Porte de Pantin, que também alberga uma importante galeria de Thaddaeus Ropac, o mais famoso distribuidor de arte contemporânea de França.
No entanto, ainda falta um ano para a conclusão da 19M. Para já, a estrutura é tão recente que as fotos do Google Maps ainda a mostram como uma área de construção gigante.
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