Chanel: a glória das camélias e calções
Coco Chanel certamente teria adorado este desfile, já que a sua flor fetiche e favorita, a camélia, apareceu em praticamente todos os looks de uma imponente coleção para o outono-inverno 2023/24 desenhada por Virginie Viard para a Chanel, na manhã de terça-feira (7 de março).
Até havia duas camélias brancas gigantes de resina e gesso elevando-se sobre os convidados em dois auditórios feitos sob medida – tornando a passarela uma figura de oito.
Abrindo com um esplêndido casaco de xadrez entremeado de camélias, com a flor também em uma clutch matelassé branca. Camélias subindo pela gola de uma gabardina perfeita em couro cru preto; ondulando sobre blusas de renda; e aparentemente elevando-se em suéteres preto e branco; ou twinsets pontilhados.
O clima foi alegre, enfeitado, relaxado e francês quintessencial chique. Do terno preto de couro brilhante – com bolero curto e saia pela altura do joelho – para a Chanel em letras maiúsculas salpicadas em blusões bouclé de lã cinza usados com botas até o joelho estampadas com estampa de camélia. Às vezes, as aplicações eram exageradas, até levemente ridículas, mas pelo menos e certamente enfatizavam a mensagem.
Muitas modelos do elenco usavam calções curvos, uma ideia aparente nas gigantescas projeções de vídeo que saudavam os convidados quando entravam no show dentro do Grand Palais Éphémère. Uma grande filmagem em preto e branco protagonizada por Nana Komatsu e dirigida por Inez & Vinoodh, onde a atriz japonesa era vista montando uma série de cavalos de madeira em carrosséis. Adicionando um motivo equestre inglês a todo o desfile.
“Eu queria ter aquela sensação de estábulo no show. E depois de ver todos os cavalinhos de pau, tive a ideia de todas as calças curtas do desfile. Mas, honestamente, é tudo uma questão de trabalho em equipe na Chanel, desde encontrar tecidos e criar roupas, a encenar o desfile, até à sessão de fotos de Inez & Vinoodh”, explicou a agradavelmente modesta Virginie Viard, nos bastidores após o show.
No interior, o cenário era todo preto e a música trazia a sensação de estar em um clube noturno techno com um DJ de primeira linha às 13 horas. Deixando que o arquiteto de som Michel Gaubert criasse a música ideal para este show de ritmo acelerado. Editando e fazendo loop de uma faixa ainda inédita da cantora irlandesa Roisín Murphy com o DJ Koze, e a versão "French Kiss" de Lil Louis.
Tudo complementado com joias finas, desde uma gargantilha de ouro com centro de camélia até brincos de camélia, alfinetes e fivelas. Já para a noite, todo tipo de calças e saias assimétricas elegantes, tops metálicos de seda e renda e cocktails Power Pop com muito rosa.
“Um pouco de Londres e todo o seu espírito. Sempre me inspiro em Londres”, concluiu Viard.
Com Paris imersa na mais recente greve dos transportes, estações de metrô fechadas, ruas congestionadas pelo trânsito, uma enorme frota de Maybachs e Mercedes transportou os jornalistas, críticos, VIPs e celebridades para o desfile. E, em outro exemplo de como a Chanel se posiciona acima de todas as outras marcas, quase não havia uma infliuenciadora à vista.
Após o show, Virginie recebeu elogios de Charlotte Casiraghi e Patty Smith, emergindo da primeira fila com Penelope Cruz, Zoe Saldana, Whitney Peak, Liu Wen, Caroline de Maigret e Park Seo Joon.
“Eu não vou a muitos desfiles, mas este me pareceu muito especial. Havia tanto para admirar. E adorei o cabelo de uma menina no look de abertura. Então, penso que chegou a hora de cortar o meu cabelo”, brincou a poetisa, cantora, fotógrafa, escritora, compositora e musicista norte-americana Patty Smith, enquanto se juntava a Virginie Viard.
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