Agência LUSA
3 de set. de 2015
Calçado português se destaca e já é 2.º mais caro do mundo
Agência LUSA
3 de set. de 2015
Redação (Lusa) – O calçado português manteve-se em 2014 como o segundo mais caro do mundo depois do italiano, mas a associação setorial da indústria portuguesa do calçado antecipa que, devido ao sucesso das recentes inovações em sintéticos e plásticos, o preço médio será "reajustado em baixa".
"O preço médio do calçado português nos mercados internacionais tem aumentado significativamente, fruto, entre outras coisas, da aposta das empresas na migração da produção de calçado para segmentos de maior valor agregado. Espera-se, no entanto, que nos próximos anos o preço médio do calçado português possa ser reajustado em baixa, à medida que forem sendo introduzidos novos produtos, em especial a exportação de calçado em outros materiais (por exemplo sintéticos e em plástico)", disse à agência Lusa fonte da Associação dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS).
Segundo a associação, este é o caminho apontado no último plano estratégico do setor, o FOOTure 2020, já que "permitirá a Portugal diversificar a sua gama de produtos, de modo a aprofundar a estratégia de penetração em novos mercados".
Por enquanto, contudo, os 31,88 dólares (cerca de 28,24 euros) que em 2014 foi comercializado cada par de calçado produzido e exportado por Portugal, segundo dados do World Footwear Yearbook 2015, destacam-se como o segundo maior preço médio de exportação em âmbito internacional, apenas superado pelo calçado italiano.
Conforme explica a APICCAPS, a "forte especialização" de Portugal na produção e exportação de calçado em couro – mais de 80% – foi "determinante para este resultado".
"Apenas a Itália revela um desempenho melhor do que o português", com um preço médio na ordem dos 50 dólares (cerca de 44,28 euros), diz a associação, mantendo-se a Espanha, o outro "grande concorrente" internacional de Portugal, a uma "grande distância" ao exportar o seu calçado a 22,03 dólares (cerca de 19,51 euros) o par.
Já a China, que assegura 65% da produção mundial de calçado, fica-se por um preço médio do par de calçado exportado de 4,44 dólares (cerca de 3,93 euros), oito vezes mais baixo do que o calçado português.
Segundo dados da APICCAPS, Portugal exportou, em 2014, cerca de 95% da sua produção para mais de 150 países dos cinco continentes, num valor próximo dos 1.9 bilhão de euros, a maior cifra já alcançada de exportação.
Desde 2009, as vendas do setor ao exterior cresceram mais de 50%, passando de 1.200 bilhão de euros para 1.850 bilhão de euros em cinco anos.
No mesmo período, destaca a associação, o calçado afirmou-se como "o produto que mais positivamente contribui para a balança comercial portuguesa", com um saldo positivo na ordem dos 1.300 bilhão de euros.
As últimas estatísticas disponíveis apontam para exportações de 39 milhões de pares de calçado português, no valor de 887 milhões de euros, no primeiro semestre de 2015, o que representa um aumento homólogo de 0,44% e o sexto ano consecutivo de crescimento do setor.
Até junho, o "modesto desempenho econômico" dos vários mercados europeus travou a afirmação do calçado português nesses países, pelo que foram as exportações para fora da Comunidade Europeia o "grande motor de crescimento" do setor, evoluindo cerca de 6% e contrabalançando o recuo intracomunitário.
Fora da Europa, o destaque vai para os bons desempenhos do setor na Austrália (crescimento de 7%), Canadá (mais 10%), China (aumento de 81%), Colômbia (mais 196%), EUA (crescimento de 43%) e Japão (mais 17%).
E o Brasil?
Frente a esses números, ao Governo brasileiro, seria interessante buscar junto aos lusos o mapa do caminho das pedras para o fortalecimento daquilo que há alguns anos foi um segmento importantíssimo da indústria brasileira, o calçado, que sofre hoje com a falta de incentivos "marcantes" para que o parque industrial calçadista já instalado no Brasil possa usar do seu grande "savoir-faire", a fim de aumentar as suas exportações e o valor agregado dos produtos.
Aliás, este último o grande calcanhar de Aquiles de uma pauta comercial quase que por completo dependente de grandes vendas de matérias-primas e itens básicos.
(E o Brasil: Anderson Alexandre da Silva)
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