19 de dez. de 2018
Calçadistas se dizem animados para 2019 e entregam demandas para o próximo governo
19 de dez. de 2018
Os dados mais recentes de produção, exportação e varejo de calçados trouxeram um pouco mais de otimismo para os empresários do setor calçadista. Conforme dados mais recentes do IBGE, a produção aumentou consecutivamente nos meses de setembro e outubro (+5,2% e +6,6%) em relação aos meses correspondentes do ano passado. Por outro lado, devido a quedas acumuladas, especialmente no primeiro semestre de 2018, nos 10 meses persistiu um revés de 2,6%.
Já o varejo do setor vem crescendo desde agosto, tendo fechado outubro com incremento de 4,1% em relação ao mês dez do ano passado. Assim como a produção, o acumulado foi prejudicado pela primeira parte do ano, fechando em queda de 2,3% no comparativo. No mercado externo, a situação é semelhante, com crescimento no mês de novembro e queda no acumulado dos 11 meses.
O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, destaca que a recuperação dos últimos meses, somada à retomada da confiança tanto do empresário como do consumidor, podem dar um impulso nos resultados do final do ano e de 2019. “Nas festas de fim de ano, a estimativa do mercado, é de que vendamos até 5% mais do que no ano passado”, projeta. No entanto, mesmo com a recuperação verificada a partir de agosto, Klein não crê no fechamento positivo para 2018. “Tivemos um primeiro semestre muito ruim. Além das questões econômicas, de queda na demanda interna, tivemos as paralisações dos caminhoneiros, que causaram desabastecimento em muitas fábricas”, avalia. “Tivemos dois anos complicadíssimos, com quedas importantes na demanda interna – que absorve 85% da produção – e no exterior. Por outro lado, não percebemos um movimento significativo de fechamentos de fábricas, o que apontou para a saúde do setor. As empresas, aos poucos, vão percebendo a importância de se investir em práticas de inovação em gestão e produtos. Esperamos que esse movimento de mudança de mentalidade continue, mesmo com um melhor ambiente a partir de 2019”, comenta o executivo.
Diante das dificuldades competitivas da indústria calçadista e com o objetivo de melhorar o ambiente de negócios, a Abicalçados levou pleitos ao próximo governo eleito por meio de um documento encaminhado via senador eleito Luis Carlos Heinze.
Entre as medidas listadas estão o comprometimento com um ajuste fiscal robusto, que resgate a capacidade de investimento por parte da iniciativa privada.
“Precisamos de um ajuste nas contas públicas, mas, sobretudo uma otimização do uso de recursos do próprio Governo. Para isso, reformas como a da Previdência são necessárias. Para impulsionar a competitividade das empresas, se faz urgente uma reforma tributária que, além de diminuir a burocracia, também reduza a carga sobre o setor produtivo”, ressalta o presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein.
O documento encaminhado traz ainda a necessidade de uma maior flexibilização da legislação ambiental com vistas à sustentabilidade econômica. “Não somos contra a existência de uma legislação ambiental, mas existem alguns exageros e encargos desnecessários, além de prazos demasiadamente longos e que engessam a atividade produtiva, especialmente no que se refere a novos investimentos”, acrescenta.
No comércio exterior, a demanda é por maior segurança jurídica e pelo restabelecimento do Reintegra nas alíquotas originais do programa (de 2012), de 3% a 5%. “Em junho de 2018 tivemos a súbita redução da alíquota de restituição do programa – que devolve parte de resíduos tributárias nas exportações por meio de créditos no PIS/Cofins -, de 2% para 0,1%. Foi de um dia para o outro. A medida do governo prejudicou, e muito, os calçadistas que já haviam fechado seus valores para exportação”, avalia Klein, para quem o ambiente de negócios exige regras claras e duradouras. “Em caso de alteração, é preciso ter um prazo razoável para adaptação, o que não existiu”, conta. "Além disso, a alíquota de 0,1%, nem de perto, restitui o prejuízo da indústria com os tributos em cascata. Não podemos mais exportar impostos", lamenta.
Ainda no contexto do comércio internacional, a Abicalçados chama atenção para que a abertura comercial, com redução ou eliminação das tarifas de importação, ocorra de forma gradual e sincronizada à diminuição do Custo Brasil, de forma a dar melhores condições de competitividade para a indústria nacional. “Não somos contra o livre o mercado, mas é preciso ter equidade para a concorrência legal e não predatória”, justifica o executivo.
Nos últimos dez anos, as exportações de calçados despencaram de US$ 1,7 bilhão para US$ 1 bilhão no último ano. “É um nível semelhante ao da década de 1990. Apesar disto, graças aos esforços de promoção de imagem e comercial realizados pelas empresas no exterior, o nosso calçado é aceito e reconhecido no mercado internacional”, comenta Klein. Ainda no comparativo da última década, o número de empresas na atividade caiu de 8 mil para 7 mil, o que teve reflexo no nível de emprego na atividade. Em 2007, o setor gerava aproximadamente 20 mil postos a mais do que no último ano.
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