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Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
30 de abr. de 2018
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6 Minutos
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Bettina Rheims fala sobre arte, fotografia e assédio sexual na moda no Festival de Hyères

Traduzido por
Novello Dariella
Publicado em
30 de abr. de 2018

“Eu não sou uma fotógrafa de moda", diz Bettina Rheims, em uma master class comovente e evocativa durante o festival Hyères, uma das maiores celebrações anuais de jovens talentos da criação da moda e da fotografia.
 

Bettina Rheims, presidente do júri do concurso de fotografia - FashionNetwork.com


Fundado como um festival de jovens talentos há 33 anos entre as paredes da famosa mansão Noailles, obra prima modernista com vista para o Mediterrâneo, o festival de Hyères também se tornou um dos mais prestigiados prêmios de fotografia da Europa. Este ano, é Bettina Rheims quem preside o júri.

Uma artista brilhante, que expôs sua obra em inúmeras galerias e museus, Bettina Rheims também é famosa por seu trabalho no mundo da moda, particularmente no período que durou quatro anos, na década de 1990, quando ela produziu imagens punk e glamourosas, absolutamente icônicas, para a revista Details - que já não existe mais - em colaboração com o genial estilista Bill Mullen. Estas imagens são também objeto de uma exposição arrojada, instalada na antiga quadra de squash da mansão, onde é possível ver retratos ora ousados, ultra coloridos, de toda uma geração de estrelas que eram desconhecidas na época, como Angelina Jolie, Gwen Stefani, Salma Hayek e Mickey Rourke.

"Eu não queria uma exposição tradicional, como em uma galeria ou museu, mas uma instalação viva que permitisse às pessoas interagir com a obra. Ver e tocar esses grandes cartazes, como páginas de uma revista", explica Bettina Rheims em uma conversa com Bill Mullen, perante uma platéia de 300 pessoas, organizada pela Fédération de la Haute Couture et de la Mode. Em uma das paredes da quadra de squash, os visitantes podem folhear reproduções suspensas de um metro de altura.

"Eu ia a Los Angeles quase todo mês. Estas fotos mostram como era a moda nos anos 90. Helmut Lang, Martine Sitbon e Jean Colonna. Elas capturam o período grunge, pós-punk, a era do Nirvana. É por isso que Jean Colonna, que está aqui conosco, me disse que eu fui uma fotógrafa de verdade apenas durante estes quatro anos!", ela confessa com uma gargalhada.

Para Bill Mullen, essas imagens incorporam uma maneira diferente de celebrar uma nova geração. "Nós adotamos um ponto de vista diferente do da Vanity Fair. Gwen Stefani, Shirley Manson do grupo Garbage, Lil 'Kim: elas eram outro tipo de celebridade, um pouco como em 'Batman: O Retorno', quando o Pinguim diz ao Batman: "O que você coloca no seu banheiro, eu coloco no meu casaco!", brinca Mullen.

"Salma Hayek tinha acabado de chegar do México, e Angelina Jolie foi ao hotel onde estava o nosso casting, em Los Angeles, com uma pequena foto brilhante, pouco antes de uma atriz pornô e depois de uma garçonete", lembra Bill Mullen, cuja emoção foi perceptível ao longo da entrevista. A série tinha títulos como "Lost Angels” (Anjos Perdidos), "Do it right!” (Faça certo!), "Violent Femmes” (Mulheres violentas).

“A criatividade abandonou a maioria das revistas. Na nossa época, não havia reotque. Hoje, a Relações Públicas de uma atriz intervém para corrigir algumas coisas. As fotos são retocadas antes mesmo do início da sessão de fotos!”, diz Bettina Rheims.

Proveniente de uma notável família parisiense, semelhante aos Rothschilds, Bettina Rheims começou fotografando strippers em Pigalle. O corpo feminino, seja nu ou vestido, é um tema central de seu trabalho, como em Close Chamber, onde ela revisitou os primórdios da pornografia, brincando com a confusão de papéis entre modelos amadores e aqueles que as assistem. Entre seus trabalhos posteriores, a série Rose, c'est Paris, em colaboração com o marido, o escritor Serge Bramly, apresenta um conto fotográfico de uma jovem musa em busca de sua irmã. Bettina Rheims foi também uma das primeiras fotógrafas a capturar o surgimento de transgêneros, muito antes do assunto vir à tona. De fato, toda a carreira de Reims representa o empoderamento das mulheres.
 
"Eu nunca fotografei mulheres que não estavam cientes de que estavam fazendo. Mas, talvez eu seja a última fotógrafa, visto que todos os meus colegas estão sendo banidos". No entanto, ela apoia fortemente o movimento #MeToo.

"O que aconteceu este ano é fantástico. Como todos os movimentos sociais, ele vai ter muita importância. É importante que exista o #MeToo, pois ele vai mudar o mundo. Agora, as mulheres podem dizer não! Eu falei com um dos membros deste júri, uma artista, mas também uma modelo muito conhecida, Saskia de Brauw, que nunca enfrentou uma agressão, mas ela se lembra de todas as vezes em que pediam às modelos para que tirassem as roupas, e elas sem sequer tinham o direito de se sentir desconfortáveis, pois isso era exatamente o que deveriam fazer. São todas essas pequenas coisas que os homens podiam fazer diariamente, como lhe dizer "você está sexy”, apesar de você não querer escutar. Hoje, isso está parando e é uma grande mudança", diz ela calmamente.

"Eu também fui modelo. Há um século. E algumas coisas terríveis aconteceram comigo. Quando entrávamos no estúdio de um fotógrafo, ele dizia: "tire a roupa”. Somente para ver como aparentaríamos em um vestido de noite de alta-costura, ele tinha que nos ver de calcinha sem sutiã!”, relembra.

Será que ela apreciou ser a presidente do júri? "Antes mesmo de olhar as fotos, quero conversar com os finalistas, saber de onde vêm, como chegaram às finais, o que farão com o prêmio se vencerem”, explica Bettina Rheims, acrescentando que quer ajudá-los a entender como fazer um portfólio, encontrar a revista certa ou como editar o seu trabalho.

"Eu tive a sorte de cruzar com Helmut Newton quando eu tinha 25 anos e ele se tornou meu mentor e professor. Todas as quintas-feiras à noite ele olhava o meu trabalho e freqüentemente o detonava, mas às vezes ele fazia um elogio. É o papel do artista transmitir seu conhecimento. O nosso não é uma habilidade, como fazer uma peça de mobília, em que você treina alguém para reproduzir um certo estilo. Nosso papel é dar aos jovens talentos um pouco do nosso entusiasmo e experiência”, completa Bettina.

Mas Bettina Rheims reconhece que a fotografia de moda provavelmente prejudicou a sua reputação como fotógrafa de arte. "Eu nunca dei prioridade a uma encomenda sobre meus próprios projetos. As encomendas são úteis, pois são como um laboratório para desenvolver novas técnicas. A melhor maneira de aprender é fazer editoriais ou publicidade. Meu primeiro projeto foi fotografar strippers em Pigalle. Eu tinha apenas um projetor e uma câmera. Mas na moda, você trabalha com uma equipe, então quando tudo está perfeitamente bem instalado para a sessão de fotos, então eu chego e faço o que eu gosto".

"Trabalhar na moda arruinou minha carreira como artista. Alguns museus nunca expõem meu trabalho porque sou uma 'fotógrafa comercial'. Eles esquecem que Man Ray e Brassaï, Richard Avedon e Irving Penn trabalharam com encomendas. Não é importante saber em que condições a imagem foi tirada, importa apenas se é uma boa imagem. Estamos aqui para mostrar às pessoas coisas que elas não querem ver. Quando comecei a trabalhar com pessoas transexuais, ninguém queria publicar essas imagens. Então, se um dia pudermos persuadir alguém a abrir sua mente, vamos estar ajudando a construir um mundo melhor. Esse é o papel do artista!”.
 

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