
Godfrey Deeny
1 de out. de 2020
Balmain presta homenagem ao seu criador com presença virtual de famosos

Godfrey Deeny
1 de out. de 2020
A Balmain prestou homenagem ao seu criador, Pierre Balmain, na quarta-feira (30), no 75.º aniversário da criação da marca, com um desfile que teve as primeiras filas ocupadas por telas que transmitiam rostos de celebridades, ausentes devido às restrições sanitárias. Jennifer Lopez, Penelope Cruz e diversos editores da Vogue e Elle compareceram, assim, virtualmente em Paris para assistir o desfile da marca.

Cada convidado tinha sua própria tela, projetando-se a partir do conforto da própria casa ou escritório, de Pequim e Milão a Londres e Nova York – o que lhes permitiu apreciar a coleção de primavera-verão 2021 que Olivier Rousteing recriou para a Balmain, uma vez que consistiu em uma viagem pelas raízes da maison fundada em 1945 e uma homenagem ao seu fundador, que faleceu 1982.
Foi bom revisitar a última obra deste designer, encenada em grande estilo em uma noite de outono, no interior do Jardin des Plantes, local onde o Rousteing realizou um mega espetáculo e um concerto noturno no verão passado.
Os convidados reuniram-se em duas enormes arquibancadas com distanciamento social, entre eles 50 jornalistas famosos, um punhado de VIP's e o estranho leque de convidados projetado a partir das próprias telas. Durante o evento, uns receberam chamadas, outros enviaram mensagens de texto, alguns admiraram o seu próprio reflexo, ninguém bocejou.
Olivier Rousteing é um showman e abriu seu próprio desfile, descendo a passarela de 80 metros e depois sentando em um banco de bar de uma discoteca, enquanto seis modelos franceses veteranos caminhavam à sua volta, todos com trajes da marca, enquanto a voz de Pierre Balmain em uma antiga entrevista descrevia sua contribuição para a moda: "uma certa ideia do gosto francês", e com "My Way" de Frank Sinatra como trilha sonora.

O jovem de 35 anos reinterpretou os arquivos da empresa em tons de cinza, flúor, preto e com peças jeans na silhueta Balmain que Rousteing ajudou a glorificar: jaquetas com ombreiras supermarcadas e até ombreiras exageradas, roupas ajustadas na cintura e combinadas com calças esvoaçantes, coladas na perna e alargadas na bainha.
Os casacos oversized, os calções em malha de segunda pele e as lantejoulas nos vestidos contribuíram para acentuar o estilo anos 80, tão apreciado por Rousteing. Os modelos desfilaram em uma passarela gigante de plátanos em meio à enormes nuvens de gelo seco.
Nas estampas, listras de marinheiro foram adicionadas ao monograma Balmain, com acessórios metálicos e futuristas, outro símbolo de Rousteing que consegue contrabalançar sua paixão pelo legado retrô e de alta-costura com toques modernos.
Com a reedição de seus maiores sucessos, a gabardina, o short ou o terno foram reinventados com o monograma da marca estampado, incluído também em uma edição dos anos 70 de uma bolsa que os fãs de Balmain puderam comprar na internet enquanto assistiam o desfile.
Sem dúvida este é um ano difícil para as celebrações. O gesto de levar as celebridades virtualmente para Paris, através de grandes telas de televisão, foi mais do que uma mera manifestação divertida. Entre os famosos, modelos como Claudia Schiffer, Cindy Crawford, Natalia Vodianova, a atriz Milla Jovovich, o cantor Usher, influenciadoras como Gala Gonzáez ou a diretora da edição americana da Vogue, Anna Wintour.

"Há um toque de sexo na moda agora", acrescentou Pierre Balmain na entrevista, enquanto o enorme elenco desfilava ao som dos clássicos hinos do rock dos anos 80, de Tears for Fears a Depeche Mode.
"A Balmain foi fundada em 1945, logo após uma terrível guerra, e hoje vivemos uma guerra diferente. E, talvez a resposta a esse trauma, seja a liberdade (como Pierre Balmain sugeriu) e, hoje em dia, a liberdade significa também, muitas vezes, liberdade sexual", concluiu Rousteing.
Isso é o que podemos chamar de um verdadeiro desfile de moda. E uma declaração e celebração de todo o métier.
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