Reuters API Fashion
15 de dez. de 2022
Atingidas por onda de Covid, empresas chinesas se esforçam para manter operações funcionando normalmente
Reuters API Fashion
15 de dez. de 2022
Desde a gigante do comércio eletrônico JD.com à varejista de cosméticos Sephora, as empresas chinesas estão lutando para minimizar o impacto das infecções emergentes da Covid, realizando testes e incentivando o home office.

Após protestos sem precedentes contra as restrições para conter a Covid, a segunda maior economia do mundo abandonou abruptamente sua postura de tolerância zero à Covid na semana passada. A feroz disseminação do vírus que se seguiu forçou até mesmo algumas empresas a fecharem suas portas no momento.
Curiosamente, em cidades como Pequim e Wuhan, muitos trabalhadores e suas famílias sucumbiram à Covid, embora o número oficial de casos tenha caído para menos de um quinto do pico de 27 de novembro, já que a China vem realizando bem menos testes.
"Mais da metade de nossa equipe no shopping e no hotel está otimista", disse um executivo sênior de uma empresa que administra um dos maiores complexos varejistas de Pequim. O executivo, que não quis se identificar, disse que o shopping ainda estava aberto com os funcionários divididos em duas equipes e apenas uma equipe trabalhando em um determinado turno.
O sistema de turno dividido também está sendo implementado por outras empresas, reguladores chineses e bancos estatais.
A JD.com, com sede em Pequim e emprega mais de 540.000 pessoas, enviou kits de teste de antígeno para sua equipe e está pedindo aos doentes que fiquem em casa, disseram fontes da empresa à Reuters.
Na Sephora China, que tem 321 lojas em 89 cidades do continente, cada loja está lidando com seus problemas de pessoal de acordo com a situação, disse um porta-voz da empresa, acrescentando que todos os funcionários com teste positivo receberão licença remunerada e poderão trabalhar de casa, se possível.
'Profundamente frustrante'
Em outro shopping center de Pequim, uma academia da rede americana Powerhouse disse que ficará fechada até 25 de dezembro para desinfetar as instalações e proteger a segurança de funcionários e membros.
"A propagação do vírus é grave e há um grande risco de contágio", disse a academia, que havia sido reaberta recentemente, depois de ter fechado por mais de duas semanas devido às restrições de Covid em todo o distrito.
"É profundamente frustrante. As empresas estão tendo que fechar devido pois os funcionários estão doentes, apesar de poderem legalmente se manter abertas", disse Noah Fraser, managing director do Canada-China Business Council em Pequim.
"A culpa está começando a fluir da sede (estrangeira) das empresas para a equipe na China, com a sede perguntando 'por que as operações na China não conseguem lidar com essas restrições?' Todos os outros mercados tiveram que se ajustar e o fizeram com sucesso", diz Fraser.
Algumas fábricas e restaurantes estão mantendo as restrições da Covid-19, incluindo os chamados sistemas de circuito fechado que isolam os funcionários, até que tenham uma imagem mais clara de como os locais de trabalho serão afetados.
Na Volkswagen, que viu suas fábricas na China fortemente interrompidas por bloqueios este ano, a produção está estável, mas a montadora reduziu o comparecimento ao escritório e está pedindo aos funcionários que fiquem a 1,5 metro de distância sempre que possível, disse um porta-voz.
A fabricante chinesa de veículos elétricos, Nio, também disse que sua produção está normal, embora esteja se preparando para infecções. "Enviamos caminhões com remédios e equipamentos para a fábrica para estar bem preparada", disse o presidente da Nio, Qin Lihong.
Até agora, as autoridades nacionais de saúde fizeram poucos comentários sobre as condições do local de trabalho, apenas instando que as áreas de alto risco sejam definidas de maneira muito mais restrita, enquanto a produção ou as operações comerciais continuam em outros lugares.
Julian Evans-Pritchard, economista sênior da Capital Economics na China, disse acreditar que levará um bom tempo para as famílias chinesas aprenderem a viver com o vírus e pode levar de 3 a 6 meses para que o comportamento do consumidor volte a ser mais próximo do que era antes. "Portanto, mesmo que a interrupção da politica zero-Covid beneficie a maioria das empresas no médio prazo, não fornece alívio imediato e os próximos meses ainda serão muito desafiadores".
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