American Apparel quer empoderar as mulheres com rebrand
Liderada por uma equipe executiva inteiramente feminina, a marca baseada em Los Angeles está tentando se distanciar das controversas campanhas de seu passado com um rebrand empoderador e inclusivo, que não inclui modelos que aparentam serem menores de idade, a favor de uma estética diversificada e autêntica.

O novo anúncio "Back to Basics" da marca, que começou a aparecer no final do ano passado, foi produzido por uma pequena equipe interna composta de homens e mulheres na fotografia. As fotos apresentam poucos retoques, e modelos e influenciadores pagos também não devem ser acionados, já que os anúncios destacam pessoas comuns, de acordo com uma estratégia de marketing inclusiva que procura mostrar diversos tipos de corpos e etnias.
Além disso, o que parece ser uma tentativa de pôr fim às críticas sobre a idade das modelos que aparecem nos anúncios da American Apparel, uma recente diretriz de casting emitida pela marca pede que os candidatos tenham "25 anos ou mais". A mudança não passou despercebida nas mídias sociais, e um usuário do Instagram comentou que "finalmente, teremos menos corpos de adolescentes sendo explorados em seus anúncios”.
No entanto, a marca não cortou completamente os laços com a imagem sedutora pela qual tornou-se famosa, como destacou a diretora de marketing da marca, Sabina Weber, que descreveu a nova campanha à Adweek como sendo "honesta, direta, divertida, inclusiva, sexy e ocasionalmente levemente provocadora".
"As mulheres sentem muito conflito em relação à sua sexualidade, mas estamos adotando um posicionamento para continuarem sendo sexy sem remorso, mas com uma perspectiva feminina empoderada", acrescentou, enfatizando a mudança de perspectiva que está aliada ao rebrand da empresa.
Como parte desta mudança, também foram feitos esforços para garantir que modelos do sexo masculino fossem fotografados em poses semelhantes e com a mesma quantidade de roupas que as modelos do sexo feminino.

Outro recurso mantido das campanhas anteriores da American Apparel é a presença de pêlos nas axilas em modelos do sexo feminino. Weber confessou que a polêmica em torno disso a deixa perplexa. "Mesmo quando sentimos que estamos evoluindo e fazendo avanços, as mulheres ainda estão se irritam e fazem julgamentos quando outra mulher se atreve a mostrar seu corpo", afirmou.
Até recentemente, a empresa, fundada por Dov Charney em 1989 e adquirida pela Gildan Activewear no início de 2017, era motivo de controvérsias com suas imagens de marketing explicitamente sexualizadas, que muitas vezes apresentavam mulheres jovens em posições comprometedoras ou vulneráveis. Algumas fotos foram feitas pelo próprio Charney, que foi expulso do cargo de CEO em 2014, após uma série de alegações de assédio sexual.
O rebrand da American Apparel acontece em um momento em que, na sequência de uma série de acusações de assédio sexual envolvendo fotógrafos renomados, como Terry Richardson e Bruce Weber, a indústria da moda está sendo forçada a enfrentar algumas questões sobre algumas de suas práticas.
Devido à facilidade com que as informações agora podem ser compartilhadas através das mídias sociais, as marcas precisam ser mais abertas quanto aos passos que estão dando para combater ativamente o assédio sexual em suas empresas. É um impulso para uma maior transparência que alimenta a tendência atual das marcas para serem mais autênticas e refletirem os valores de seus consumidores de forma mais completa.
Campanhas para mudanças na indústria da moda também foram lançadas por outras organizações ao redor do mundo. O British Fashion Council, por exemplo, aderiu recentemente à British Fashion Model Agency Association como parte da iniciativa "Models First", que visa desenvolver uma cartilha de boas práticas com o objetivo de protejer e dar voz às modelos que trabalham no Reino Unido, enquanto na França, as empresas são legalmente obrigadas a informar quando houver retoques em suas campanhas publicitárias.
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