EFE
Novello Dariella
21 de abr. de 2022
América Latina sofrerá impacto da guerra na Ucrânia
EFE
Novello Dariella
21 de abr. de 2022
A América Latina e o Caribe estão resistindo ao impacto da guerra na Ucrânia, que está derrubando a economia mundial, com previsão de crescimento de 2,5% para 2022, um décimo a mais do que a previsão feita em janeiro pelo FMI Monetário Internacional Fundo (FMI), antes do início do conflito. No entanto, a região terá que enfrentar pressões inflacionárias significativas, derivadas em parte por esse conflito, com uma taxa de 11,2% em 2022, contra 9,8% em 2021, apesar do FMI prever que a inflação na América Latina e no Caribe cairá para 8 % em 2023.
O Fundo publicou na terça-feira, 19 de abril, o seu 'Relatório de Perspectivas Econômicas Mundiais', no qual revisa as projeções que fez em janeiro passado e alerta que a invasão russa na Ucrânia tem sido “um revés” para a recuperação global da pandemia de covid-19.
Após um crescimento em 2021 de 6,8% na América Latina e Caribe, o Fundo elevou sua previsão para 2022 em um décimo, para 2,5%, em relação à previsão de janeiro passado; e baixou sua previsão para 2023 em um décimo, para 2,5%.
Nas duas principais economias regionais, o FMI projeta crescimento de 2% este ano e 2,5% em 2023 para o México (8 décimos e 2 décimos a menos do estimado em janeiro), e crescimento de 0,8% em 2022 e 1,4% em 2023 para o Brasil (5 décimos a mais e 2 décimos a menos que o projetado em janeiro).
Em relação ao Brasil, o economista-chefe e responsável pelo departamento de pesquisa do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, disse em uma coletiva de imprensa que as previsões estão entre as mais baixas da região este ano devido às medidas restritivas que o país tem tomado para conter preços, mas também melhoraram porque o Brasil é exportador de petróleo e se beneficiará da situação atual.
Por sua vez, a economista Peytia Koeva Brooks reconheceu que as previsões para o Brasil estão melhores porque a alta dos preços das matérias-primas o beneficia, mas também destacou as próximas eleições no país como um fator de "incerteza" para sua economia. Quanto ao México, Koeva disse que as piores previsões se devem à menor demanda externa, principalmente dos Estados Unidos.
O FMI aponta em seu relatório que as economias da América Latina e do Caribe serão afetadas pela redução por causa da guerra, das projeções para EUA e China, já que muitos países da região são parceiros comerciais dessas potências.
No entanto, em março, a diretora do Fundo, Kristalina Georgieva, antecipou que o conflito na Ucrânia poderia representar uma oportunidade econômica para alguns países exportadores de alimentos da região, devido ao declínio da concorrência russa e ucraniana.
Em relação à inflação, o FMI destaca em seu relatório que, antes do início da invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro, a inflação já era alta em muitas economias devido à escassez de matérias-primas e aos desequilíbrios na cadeia de suprimentos.
Nesse sentido, em alguns mercados emergentes e economias desenvolvidas, como a América Latina e os EUA, os bancos centrais já estavam sob pressão para endurecer suas políticas monetárias antes da guerra. O conflito na Ucrânia está criando escassez de oferta, que o Fundo diz que "amplificará enormemente as pressões sobre os preços de energia, metais e alimentos".
Embora o FMI reconheça que a América Latina e o Caribe têm menos vínculos diretos com a Europa, ele espera que a região seja mais afetada pela inflação e pelo endurecimento das políticas. Especificamente, a entidade projeta um inflação para a América do Sul como um todo de 13,7% em 2022 e 10,1% em 2023, ante 12,1% em 2021.
No caso do Brasil, o FMI projeta uma taxa de 8,2% para este ano e 5,1% para 2023, ante 8,3% em 2021. Colômbia, Chile, Peru e Paraguai devem ter uma inflação em 2022 de 7,7%, 7,5%, 5,5% e 9,4%, respectivamente, ante 3,5%, 4,5%, 4% e 4,8% do ano passado. A Venezuela deve manter uma alta taxa de inflação de 500% em 2022 (em 2021 foi de 1.588,5%); enquanto na Argentina passará de 48,4% em 2021 para 51,7% em 2022.
O FMI destaca que o Brasil "respondeu à inflação mais alta aumentando as taxas de juros em 975 pontos base no ano passado, o que pesará na demanda doméstica", o mesmo que no México, em menor escala. No caso do México, a inflação passará de 5,7% no ano passado para 6,8% em 2022 e cairá para 3,9% em 2023.
A nível global, o FMI estima que as pressões inflacionárias serão mantidas no longo prazo e alerta em termos gerais para a incerteza sobre as suas previsões dada a fluidez da situação internacional.
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