Reuters
29 de mar. de 2023
Alibaba será dividida em seis unidades
Reuters
29 de mar. de 2023
O Alibaba Group está planejando se dividir em seis unidades e explorar captação de recursos ou listagens para a maioria delas, em uma grande reformulação, uma vez que a China promete aliviar uma ampla repressão regulatória e apoiar suas empresas privadas.

As ações do conglomerado chinês de comércio eletrônico listadas nos EUA, que perderam quase 70% de seu valor desde que as restrições foram impostas no final de 2020, subiram mais de 10% após o anúncio.
O Alibaba disse que a maior reestruturação em seus 24 anos de história irá dividir o grupo em seis unidades - Cloud Intelligence Group, Taobao Tmall Commerce Group, Local Services Group, Cainiao Smart Logistics Group, Global Digital Commerce Group e Digital Media and Entertainment Group.
A notícia da reformulação surge um dia após o fundador do Alibaba, Jack Ma, voltar para casa após uma estada de um ano no exterior, uma medida que se encaixa no esforço de Pequim para estimular o crescimento do setor privado após dois anos de repressão. Analistas disseram que a separação pode facilitar o escrutínio sobre a gigante da tecnologia, cujo negócio em expansão é alvo dos reguladores há anos.
"A intenção original e o propósito fundamental desta reforma é tornar nossa organização mais ágil, encurtar a tomada de decisão e responder mais rapidamente", disse o presidente-executivo, Daniel Zhang, em carta aos funcionários, acessada pela Reuters. Segundo ele, cada grupo empresarial teve que enfrentar as rápidas mudanças no mercado e cada funcionário do Alibaba precisou "exercer a mentalidade de um empreendedor".
Zhang continuará como presidente e CEO do Alibaba Group, que seguirá um modelo de gestão de holding, e também atuará como CEO do Cloud Intelligence Group.
Cada uma das seis empresas terá um CEO e um conselho de administração e manterá a flexibilidade para levantar capital externo e buscar uma oferta pública inicial, disse a empresa. A exceção seria o Taobao Tmall Commerce Group, que lida com negócios de comércio na China e continuará sendo uma unidade de propriedade integral do Alibaba Group.
A empresa irá "aliviar e reduzir" suas funções intermediárias e administrativas, disse Zhang, que não falou em cortes de empregos.
Os investidores disseram que a divisão sinaliza a eliminação das preocupações regulatórias e acalma as preocupações de que o Alibaba tenha perdido o potencial de crescimento. A decisão também pode ser parcialmente uma consequência do escrutínio dos EUA sobre empresas de tecnologia chinesas que levantaram preocupações de segurança nacional sobre o TikTok e sua controladora ByteDance, disse Tara Hariharan, do fundo de hedge para mercados emergentes NWI Management.
"Ao abrir caminho para as várias novas unidades do Alibaba serem listadas, o governo chinês pode estar sinalizando menos hostilidade em relação a seus gigantes da tecnologia como uma mensagem conciliatória para investidores americanos e internacionais", disse Hariharan, diretor-gerente de pesquisa macro global.
Retorno de Jack Ma
A reestruturação está entre os maiores movimentos corporativos de uma grande empresa de tecnologia chinesa nos últimos anos, à medida que o setor encolheu sob uma supervisão regulatória mais rígida, diminuindo o apetite por risco entre as empresas.
Ultimamente, as autoridades têm suavizado seu tom em relação ao setor privado, enquanto os líderes tentam fortalecer uma economia que foi atingida por três anos de restrições rígidas do Covid-19. As empresas, no entanto, têm hesitado, apontando em particular para a falta de novas políticas de apoio e da nova estrutura regulatória.
As ações do Alibaba receberam um impulso na segunda-feira depois que o fundador Ma retornou à China, já que sua estada no exterior foi vista pela indústria como um reflexo do tom sóbrio de seus negócios privados. O novo primeiro-ministro da China, Li Qiang, reconheceu que o retorno de Ma ao continente poderia ajudar a aumentar a confiança nos negócios entre os empresários e desde o final do ano passado vinha pedindo para ele voltar, disseram à Reuters cinco fontes com conhecimento sobre o assunto.
"Parece uma coincidência que isso esteja acontecendo no momento em que Ma parece confortável em retornar. Para mim, isso sugere algo que o Alibaba está querendo fazer há algum tempo, mas estava esperando pela oportunidade", disse Stuart Cole, diretor de macro economia da corretora Equiti Capital. A reestruturação "injeta um elemento de flexibilidade e adaptabilidade na empresa, que atualmente é uma espécie de gigante", disse ele.
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