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Adam Brown: fundador da Orlebar Brown fala sobre empreendedorismo com a Chanel
Poucas marcas britânicas desfrutaram de um crescimento tão expressivo como a Orlebar Brown, fundada pelo fotógrafo Adam Brown em 2007 – o qual, após identificar uma lacuna no mercado de moda praia masculinas, se especializou em calções de banho para homens.
Adam Brown, o estilista atípico fundador da marca, trabalhou em instituições de caridade para crianças e até mesmo em cadeias, antes de encontrar o seu nicho no ramo do vestuário. Brown teve a ideia da marca enquanto viajava. Ao reparar no quão bem vestidos se apresentavam tantos homens, mesmo nos seus tempos livres.
A utilização de tecidos técnicos e imagens perfuradas ganhou imediatamente um seguimento, de tal forma que apenas uma década depois de fundar a Orlebar Brown conseguiu vendê-la ao grande grupo Chanel, mantendo-se na empresa até hoje como diretor criativo.
Um empreendedor de espírito aberto, que o site FashionNetwork.com abordou nesta entrevista exclusiva onde revelamos as grandes novidades de Brown, durante a sua participação na série de webcasts #ThoseWhoDare da Vodafone, sobre como lançar com sucesso o próprio negócio.
Adam Brown partilhou assim os seus melhores conselhos sobre a utilização de dados para compreender os clientes e minimizar os custos empresariais na conferência virtual #ThoseWhoDare da Vodafone de quinta-feira (20 de maio). Como parte da sua ambição de apoiar as PME (pequenas e médias empresas), o evento, que dura uma semana, conta com as notas-chave de mais de 30 empresários dinâmicos, que mudaram o jogo. Para participar, clique aqui.
FashionNetwork.com: Como você entrou para a moda?
Adam Brown: Foi puramente por acaso quando tinha 40 anos. Trabalhava em voluntariado, em cadeias de HIV e em instituições de caridade para crianças. Depois tornei-me fotógrafo ainda aos 40 e um fotógrafo terrível. Na verdade, eu procurava algo para fazer e tive a ideia de criar a Orlebar Brown, em torno de uma peça de roupa; ou seja, em torno de calções de banho sob medida. Assim, tudo aconteceu por causa de uma ideia em particular do que por um desejo desesperado de estar na moda. Penso que não sou um estilista: eu me enquadro muito mais na categoria de curador do que na de criador.
FNW: Qual foi a parte mais difícil ou mais empolgante na criação da sua marca?
AB: Primeiro, foi obviamente ver o produto a ser usado numa praia em Ibiza, pela primeira vez. A partir desse momento, nada mais conta. Outro foi o fato de conceber apenas um produto e, depois, este se tornar uma marca. Para que os valores e o DNA que provêm desse produto original continuem então a formar este tipo de marca viva, que respira e que se vê ganhar vida. Vê-la se tornar uma espécie de personagem; vê-la ter personalidades; vê-la falar de uma certa forma; tem sido para mim e, definitivamente, o que mais me dá orgulho. A realização não é apenas calções, mas é algo que está imbuído de uma espécie de DNA e valores e caráter e personalidade e risos e canções e gritos. Isso tem sido o mais excitante.
O que é mais difícil? Nunca existiu "algo mais duro" neste processo. Suponho que não é diferente de qualquer outro negócio no inicio; o dinheiro foi sempre uma preocupação; pensar em como se vai gerir o fluxo de caixa. Mas existem situações difíceis, à medida que começamos a ir para outros territórios: para a América, para a América do Sul e para o Extremo Oriente. Como é que se faz?
FNW: Como estar no grupo Chanel mudou a sua abordagem de trabalho?
AB: Não mudou. A Orlebar Brown continua sendo a Orlebar Brown. Temos a alegria de estar no grupo Chanel e apenas saber que os proprietários têm os seus valores e aspirações comuns para a marca. Quer se trate de qualidade, de confiança, do tipo de envolvimento emocional com a marca por parte dos clientes. Na nossa abordagem de trabalho continuamos a fazer o que sempre nos propusemos fazer. Temos apoio, quer se trate de aconselhamento no varejo, ou de aconselhamento jurídico, ou apenas de uma espécie de apoio em relatórios. Saber que o grupo Chanel está lá (o que não tínhamos antes) tem sido incrivelmente útil.
FNW: Têm existido sinergias com a prima da Chanel, ERES?
AB: Sim, absolutamente. Sabe, somos claramente a versão masculina da ERES. Quer seja olhando para locais de venda no varejo, observando a ERES, e onde e como podemos ajudar-nos mutuamente onde temos lojas?! Existem claramente sinergias: queremos chegar às mesmas pessoas, queremos ir aos mesmos lugares, existimos no mesmo ambiente, e dialogamos uns com os outros muito regularmente. Há sinergias crescentes com a ERES.
FNW: Como é que o Brexit mudou suas práticas de trabalho, uma vez que fabricam em Portugal?
AB: É uma complicação contínua. Penso que provavelmente caímos no campo onde o Brexit tem sido tão difícil de gerir como o COVID-19. Está em curso, não o vemos, mais ou menos está se separando. Penso que vai levar muitos meses até que sintamos que está resolvido. Fabricamos em Portugal. Portanto, obviamente, assim como muitas outras marcas, estamos analisando a forma de trazer os nossos produtos para o país. "Deixamos a produção ou instalamos armazéns em outro lugar? Estamos criando entrepostos na Europa. Claramente, estamos pensando em como levar o produto aos clientes; queremos manter isso tão simples quanto possível. Mas não há uma forma fácil. Como com qualquer outra marca, esta tem sido uma complicação adicional e tornou as coisas ainda mais difíceis este ano.
FNW: Qual é o volume de negócios anual da Orlebar Brown?
AB: Este ano ficaremos perto dos 30 a 32 milhões (libras esterlinas).
FNW: Onde quer que a marca esteja dentro de cinco anos?
AB: Cinco anos nem sequer se fazem sentir. Dentro de cinco anos, eu espero que estejamos fazendo praticamente o mesmo que estamos fazendo agora. Mas, de uma forma maior, há muitos mais lugares de férias onde podemos estar. Ainda não começamos realmente a apostar na América do Sul, ainda não começamos a trabalhar bem o Extremo Oriente. Não começamos a lançar muitas outras categorias de produtos, quer sejam acessórios de viagem, bagagem, calçados, roupa exterior; e espero que encontremos os nossos clientes da mesma forma que estes querem que realmente nós os encontremos. Penso que é possível sentir essa dinâmica de mudança. Dos clientes, marcas e empresas que esperam que os clientes se adaptem à forma como querem que façam as suas compras, para nos adaptarmos realmente à forma como os clientes querem fazer as suas compras. E espero que, daqui a cinco anos, quando tivermos essa operação incrivelmente montada, os clientes descubram que estamos encontrando eles onde estes se querem encontrar e da forma como estes querem ser encontrados, prestando os serviços que desejam, bem como criando o produto que já estamos entregando.
FNW: O que espera que os jovens empresários possam aprender com a sua experiência?
AB: Espero que os empresários pensem que a experiência não precisa de ser assim tão difícil. E eu penso em manter as coisas simples. Por isso, comecei com calções de banho em quatro comprimentos. Tive um só produto durante três anos – não é preciso complicar. A ideia é encontrar esse produto heroico, quer esse produto seja um serviço ou um item, e trabalhá-lo muito bem, em vez de fazer um monte de coisa de uma forma mediana. Mantenha o negócio pequeno. Não sinta a pressão de caminhar muito depressa. Estas são algumas das coisas primordiais que aprendi no caminho e que penso serem mensagens bastante padronizadas em toda a linha e que podem ser úteis.
FNW: Porque você decidiu participar do evento #ThoseWhoDare Vodafone?
AB: Por várias razões, mas penso que é bom à medida que saímos da pandemia. Gosto muito da ideia de pensar corajosamente para ajudar outros negócios a crescerem. Se existem lições e aprendizagens que tive ao longo dos últimos anos sobre como contar histórias e sobre os desafios de como nos conectarmos com os clientes, os desafios que as empresas enfrentam, então sinto-me privilegiado e estou encantado por poder ajudar.
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