A melancólica Semana da Moda de Nova York
As palavras-chave da recém-concluída Semana da Moda de Nova York foram 'Me Too'. A fundadora do movimento contra o assédio sexual, Tarana Burke, até sentou na primeira fila do desfile de Prabal Gurung. Sua influência foi sutil, mas verdadeiramente perceptível.
Foram precisamente os designers que ainda não haviam se pronunciado abertamente sobre o movimento "Me Too", que retrataram melhor o resultado dessa consciência nova e afiada. O resultado foi uma atmosfera melancólica de bondade que envolveu uma moda protetora e elegante.
O grande desfile de moda de The Row, em colaboração com a escultora japonesa/americana Isamu Noguchi, foi onde tudo isso foi melhor expressado. As modelos desfilaram ao redor de 13 obras da artista, conhecida por suas amizades com mulheres não-conformistas da primeira metade do século 20, como Martha Graham, Berenice Abbott ou Frida Kahlo.
O resultado foi uma série de roupas esculturais e casacos elegantes que protegiam as modelos. Suas formas retorcidas, com pedaços de tecido que envolviam seus torsos, lembravam as esculturas de aço galvanizado e de bronze que se encontram na sede da The Row no West Village. O resultado foi majestoso e refinado. E, visualmente, também sugeriam que as mulheres não devem ser assediadas e não são diferentes dos homens. Esse é objetivo do movimento Time's Up, fundado em 1º de janeiro, que já arrecadou quase 20 milhões de dólares para um fundo que auxilia na defesa das mulheres que assediadas no trabalho.
Victoria Beckham fez o mesmo de uma forma elegante, esportiva, além de funcional, pois muitas modelos vestiram leggings e sapatos masculinos, assim como no desfile The Row.
A seleção de Victoria Beckham, com trench coats de lã com mais de uma camada, seus casacos-vestidos militares e seus casacos masculinos caídos sobre os ombros ao estilo de Joseph Beuys, sugeriam um estilo prático. Foram exemplos perfeitos de sofisticação urbana contemporânea, que também ressaltam a demanda pela igualdade de gênero em qualquer carreira.
Esse lado polido também esteve presente em Jason Wu. Seu pijamas lânguidos e reluzente, com suas partes de cima até o joelho, seus fabulosos casacos plissados de estilo Fortuny e flores de cristal Swarovski nos vestidos evocavam classe e delicadeza, bem como uma mensagem de que toda mulher deve esperar apenas um comportamento mais civilizado.
A atmosfera feminina se estendeu até o Brooklyn, onde Adam Lippes apresentou suas últimas propostas acompanhadas por chá de hibisco e um café da manhã em seu apartamento com vista para o porto de Nova York. Inspirada na Escócia, e embora Lippes nunca tenha visitado o norte do muro de Adriano, a mistura de tweed e cashemere abriu novos caminhos e trouxe o conceito escocês à um outro nível. Entre as as antiguidades do estilista, da Roma Antiga, foi uma epítome da sutileza da moda moderna.
A mulher apresentada nesta temporada é, ao menos, assertiva. Isso ficou claro no desfile de moda que tradicionalmente encerra a semana da moda em Nova York, o de Marc Jacobs, cuja mensagem de grandeza era evidente em silhuetas oversized, uma homenagem à Yves Saint Laurent, com capas, laços em forma de cacto e mangas bufantes. Os anos oitenta, quando as mulheres começaram a aparecer como protagonistas e profissionais de séries de televisão, e os os ombros poderosos com ombreiras reinaram na coleção.
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