A mais nova história de amor anglo-saxônica da Christian Dior
Nenhum estilista francês amou tanto a Grã-Bretanha quanto Christian Dior. Uma história de amor revivida na terça-feira (26) por sua sucessora italiana, Maria Grazia Chiuri, em uma coleção inspirada em Teddy Girl.

Vestidos e feminismo, por assim dizer: um encontro acertado entre a feminilidade high-end da Dior, artistas feministas contemporâneas e frequentadoras de festas do pós-guerra na Grã-Bretanha dos anos 50.
A coleção foi inspirada em sua visita à recente exposição, "Christian Dior: Créateur de Rêves” (Christian Dior: Criador de Sonhos), no museu V&A, em Londres, que incluiu uma sala especial dedicada ao profundo apreço que o Monsieur Dior tinha pela Grã-Bretanha - e expôs o vestido que ele criou para o aniversário de 21 anos da Princesa Margaret em 1951, que ela usou quando foi fotografada por Cecil Beaton.
"Margaret sempre foi uma princesa rebelde. Escolher Dior em vez de um designer britânico foi uma verdadeira rebelião na época. E isso me fez pensar", explicou Maria Grazia Chiuri em uma prévia do desfile.
O resultado foi uma reunião de códigos Dior com tecidos modernos e referências dos anos 50. Como os grandes e ousados tartans vermelho e verde intenso que as Teddy Girls amavam, vistos no documentário cult de mesmo nome, mas feitos em tecidos e acabamentos de alta tecnologia e complementados por vestidos combinando - associações sedutoras de tule e tartan. E até mesmo uma série de chapéus, cloche ou de praia, todos com logos da Dior na parte interna.
Maria Grazia Chiuri inventou também uma variação mais masculina do paletó Bar: a invenção mais lendária de Monsieur em alfaiataria. Versões em xadrez, em cinza Dior ou denim antracite escuro. Outra versão britânica inteligente foi a saia tartan vermelha do clã Stewart, usada com uma camiseta com os dizeres: "Sisterhood is Powerful”.

Dava pra perceber que a costureira passou muito tempo em Londres, onde possui um apartamento, e onde Rachele, sua filha mais velha, estuda artes há cinco anos, na escola Goldsmiths, da University of London.
O cenário, a colaboração mais recente e impressionante com o cenógrafo Alex de Betak, era uma tenda branca gigantesca com imagens dramáticas de Tomaso Binga, uma artista italiana famosa por seu alfabeto, composto por fotos nuas suas em forma de letras. Quatro delas - as que compõem o nome Dior, é claro - estavam na frente da tenda, dentro do jardim do Musée Rodin.
Para a noite, Maria Grazia Chiuri propôs vestidos com corte esplêndido, évasés abaixo da cintura, acinturados no mais puro estilo da silhueta Dior, e amarrados artisticamente. Mas, nesta temporada, eles foram feitos em um tafetá técnico, leve como uma pluma.
"Você pode colocar esses vestidos em uma mala ou em uma bolsa de fim de semana e eles vão se manter em perfeita condição, mesmo depois de um vôo de três horas", disse Maria Grazia Chiuri, amassando uma das peças com as mãos e soltando com um sorriso resplandecente, para mostrar que não amassam.
A mensagem era poderosa, mas um pouco repetitiva: foram apresentadas mais de uma dezena de saias com comprimento até o meio da panturrilha. Mas em termos de expressão de uma moda contemporânea com um toque feminista e uma verdadeira credibilidade comercial, essa foi uma demonstração impressionante da estilista romana.

"Esta é a sua melhor coleção para a maison. Eu realmente acredito que ela está evoluindo muito", disse um relaxado e sorridente Bernard Arnault - o barão de luxo que controla o grupo LVMH, ao qual pertence a Dior.
Enfatizando o poder da marca, a primeira fila do desfile da Dior estava repleta de mulheres famosas, como Jennifer Lawrence, Olivia Palermo, Natalia Vodianova, Kat Graham, Morgane Polanski, Gemma Arterton, Charlotte Le Bon, Freya Mavor, Olivia Culpo, Bebe Vio e Eva Herzigova.
Maria Grazia Chiuri se concentrou bastante na linha da cintura para criar uma série de cintos cuja parte da frente parecia uma bolsa saddle da Dior achatada e a parte de trás apresentava fivelas sugestivas, para um toque ousado. E ela brincou com referências internas, como a famosa jaqueta de couro preta criada por Yves Saint Laurent para a sua última coleção na Dior, que na época era uma alusão aos “blousons noirs” da França dos anos 50.
“Eu não penso em mim como a costureira da Christian Dior. Não acho que muitas pessoas lembrem que foi Gianfranco Ferré quem desenvolveu a bolsa Lady Dior. É uma marca que existe nas mentes e memórias de milhões de pessoas, independentemente de qualquer um dos seus designers. Então, eu também me vejo como a curadora de uma marca única e maravilhosa”, concluiu Maria Grazia Chiuri.
Em um gesto elegante, o programa do desfile observou que o espetáculo foi "em homenagem ao alquimista da elegância e da beleza, Karl Lagerfeld".
Copyright © 2023 FashionNetwork.com. Todos os direitos reservados.