AFP-Relaxnews
Novello Dariella
18 de jan. de 2022
'Couro de cogumelo’: da ficção à realidade
AFP-Relaxnews
Novello Dariella
18 de jan. de 2022
Será que o cogumelo está realmente prestes a revolucionar a indústria da moda? Após seduzir algumas das maiores marcas de luxo do mundo, como a Hermès, a startup MycoWorks acaba de arrecadar 125 milhões de dólares que devem permitir a produção em massa de seu agora famoso 'couro de cogumelo'. Esta alternativa ao couro animal promete se tornar o material preferido dos players do setor.

O ano de 2021 foi marcado pela comercialização de novos acessórios e roupas, principalmente tênis e marroquinaria mais sustentáveis e respeitosos com o meio ambiente. Para isso, a indústria da moda se voltou para alternativas mais sustentáveis ao chamado couro animal. Cacto, banana, milho, maçã, uva ou abacaxi, já estão entre as alternativas oferecidas pelas marcas para minimizar ou mesmo eliminar o uso do couro animal. Embora detentores de muitas qualidades, esses candidatos foram ofuscados por um material inesperado, o cogumelo, que rapidamente conquistou o apoio unânime de importes marcas, começando com Hermès e Stella McCartney.
Embora o 'couro de cogumelo' tenha feito até agora apenas algumas raras incursões nas prateleiras de algumas empresas de luxo, bem como alguns gigantes do vestuário e do sportswear, em breve ele poderá se tornar o novo material essencial. É o que sugere a mais recente captação de recursos - 125 milhões de dólares - da empresa de biotecnologia MycoWorks, uma das pioneiras na área, que serão utilizados para lançar a primeira fábrica de produção em larga escala de Fine Mycelium, sua tecnologia inovadora na qual se baseiam seus materiais à base de micélio, a parte vegetativa do cogumelo formada por filamentos, incluindo o Reishi.
Características semelhantes ao couro
Graças ao seu processo patenteado Fine Mycelium, MycoWorks garante que pode produzir materiais naturais com as mesmas características do couro animal, com menor impacto ambiental. Uma tecnologia que parece ter conquistado a maior fabricante de artigos de couro do planeta, Hermès, que colaborou com a MycoWorks para desenvolver uma primeira bolsa feita parcialmente de fibras de cogumelo.
A nova instalação da MycoWorks, localizada na Carolina do Sul, Estados Unidos, será construída sobre a planta piloto semiautomática da empresa na Califórnia, que está em operação há um ano, e pode produzir várias centenas de milhares de metros quadrados de seu material Fine Mycelium ao ano, segundo informações da própria startup. Depois da Hermès, a MycoWorks diz que já tem contratos com "várias grandes marcas globais de luxo", sem especificar os nomes, e que essa produção em larga escala pode tornar os preços dos produtos à base de seu micélio muito mais acessíveis.
A MycoWorks não é a única startup envolvida no 'couro de cogumelo', a startup Bolt Threads Inc. está por trás do Mylo, um material também feito de micélio. Desde 2020, gigantes da moda como Adidas, Stella McCartney e Kering estão de olho nessa tecnologia para - eles também - oferecerem coleções mais éticas e sustentáveis. Sem contar que outras marcas, como a Gucci, se destacam por desenvolver seu próprio couro vegano e sustentável.
Por sua vez, o Conselho Nacional do Couro (CNC) já lembrou muitas vezes que essas alternativas, sejam elas quais forem, não devem ser chamadas de "couro". "Hoje, muitos materiais emergentes são chamados, erroneamente, de 'couro', porque são visualmente semelhantes e, portanto, se beneficiam da imagem qualitativa deste último. O termo 'couro' refere-se a um material com propriedades e qualidades específicas e, portanto, deve ser reservada à designação exclusiva do material de couro resultante da transformação por curtimento da pele de um animal". Se forem concebidos a partir de cogumelo, bolsas e sapatos será necessário encontrar outra nomenclatura para esses produtos.
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