Venezuela entra para o Mercosul

O Mercosul ganhou mais um integrante no dia 31 de julho: a Venezuela. Contestada pela política do atual governo de Hugo Chávez, a Venezuela é um país pouco industrializado - cerca de 95% das exportações são provenientes do petróleo - possui um PIB de mais de US$ 400 bilhões e representa um mercado potencial para o Brasil.

Para os calçadistas brasileiros, a esperança é de que, com a entrada dos venezuelanos no bloco econômico, os créditos retidos pelas importações daquele país sejam liberados com maior agilidade. A Venezuela controla a entrada da capital estrangeiro, sendo que os créditos relativos ao comércio exterior somente podem ser liberados pelo governo. Neste contexto, conforme a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), empresários brasileiros amargam prejuízos de milhões de dólares desde 2008. A entidade, que não quis divulgar os números do levantamento realizado junto aos associados, aponta para créditos retidos que vão de US$ 20 mil até mais de US$ 1 milhão.

"Com isto, os empresários brasileiros estão desestimulados à exportar para a Venezuela, apesar de ser um mercado com forte potencial consumidor", avalia o coordenador de Projetos da Abicalçados, Cristiano Körbes. No ano de 2012, no acumulado do semestre, as exportações demonstram uma queda de mais de 24% para aquele país. Por outro lado, o preço médio do par é de mais de US$ 12, o que demonstra uma valorização do produto brasileiro. Segundo Körbes, a expectativa é de que a entrada da Venezuela no bloco agilize a restituição dos créditos.

O acordo foi oficializado mas a união não está completa. A Venezuela possui prazos para se adaptar às normas do Mercosul. Além disso, a Tarifa Externa Comum do País - que varia entre 0 e 20% -, começará a ser analisada hoje pelos chanceleres. Com intenção de agilizar o processo de inclusão, técnicos do Brasil visitaram Caracas na última semana e, segundo Chávez, identificaram 230 códigos de produtos que a Venezuela poderia comercializar no âmbito do Mercosul.