Setor calçadista faz apelo a presidenciáveis pela retomada de incentivo à exportação

Por

Fernanda Baldioti

Publicado em
4 de out. de 2018

Para aumentar a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional, o setor calçadista espera que o novo presidente da República retorne a alíquota do Reintegra (programa que desonera exportadores) para 2%. Em entrevista ao Fashion Network, o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, falou sobre esta e outras demandas do setor para o governo dos próximos 4 anos. Confira o bate-papo a seguir:

FASHION NETWORK: Quais são as principais demandas do setor calçadista para os presidenciáveis?
Heitor Klein: O mais urgente é a diminuição da carga tributária, com volta de incentivos compensadores do Custo Brasil, caso do Reintegra, que passou a ser de apenas 0,1% em maio deste ano (era 2%). O mecanismo, por ser compensatório da cobrança de impostos para produtos a serem exportados, é fundamental para a nossa competitividade além-fronteiras, ainda mais em um momento de crise econômica nos nossos principais mercados. Também se faz fundamental o ordenamento das contas públicas, com reformas estruturantes, caso da Previdência. Esse ordenamento certamente traria maiores condições de investimentos por parte do Poder Público. Além desses fatores, de mais urgente, destacamos a ampliação da dragagem do porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, o mais importante para a indústria exportadora de calçados. Atualmente, o calendário de aportamento é impreciso, fazendo com que algumas transportadoras tenham mais custos e precisem, sem planejamento prévio, levar cargas até o porto de Santos, por exemplo. 

De que forma essas demandas podem impactar para o setor?
Heitor Klein: São fundamentais para trazer melhores condições de competitividade para a indústria de calçados, que passa por um momento de instabilidade preocupante. Desta forma, poderemos responder rapidamente - como historicamente respondemos - com geração de emprego e renda e, consequentemente, maior consumo para o bom andamento da economia nacional. 

Como o senhor avalia as políticas dos últimos governos para o setor?
Heitor Klein: Insuficiente, com poucas exceções, como a aprovação da Reforma Trabalhista. Por outro lado, verificamos uma piora nas condições logísticas e o aumento do Custo Brasil de uma maneira geral. 

Como estão as projeções de vendas do setor para este ano? E as expectativas para o ano que vem?
Heitor Klein: Para a produção, trabalhamos com uma banda de quedas entre 2% e 4,6%. Ela será, sobretudo, impactada pela queda no varejo de calçados, que deve fechar o ano com revés entre 2,1% e 5,3%, em volume. A exportação também não deve responder, tendo em vista a instabilidade no mercado internacional, de modo que não servirá de escape para os produtores brasileiros. Até o fim do ano, os embarques devem cair entre 6 e 10,5%, em pares.