Jean-Paul Leroy
27 de out. de 2015
Roberta Ramos (Abicalçados): "A indústria brasileira tem sua salvação na exportação"
Jean-Paul Leroy
27 de out. de 2015
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, Abicalçados, esteve presente, de 13 a 15 de outubro, em Xangai, no grande salão chinês de vestuário Chic. Através de uma seleção de dez dos seus associados, a organização pretende, temporada após temporada, reforçar as posições brasileiras no mercado chinês. Desafio no qual se encontra paradoxalmente auxiliada pela crise monetária que chacoalha o consumo no Brasil.
FashionMag: Qual impacto a atual crise econômica brasileira tem sobre a atividade dessa indústria?
Roberta Ramos: O mercado doméstico do vestuário e dos calçados segue muito fraco, e a curva das vendas continua sua trajetória de queda. Mas, por outro lado, nossa moeda agora nos torna muito mais interessantes no que diz respeito às exportações. Nós somos tradicionalmente exportadores.
Porém a situação atual nos permite aproveitar e conseguir mais contratos. O paradoxo é que, mesmo que a quantidade de bens que estamos vendendo ao exterior siga uma tendência de recuo, o valor desses bens, por sua vez, apresenta alta. A indústria brasileira encontra assim sua salvação nas exportações.
FM: Como evoluíram as relações entre os fabricantes brasileiros e as empresas chinesas?
RR: Viemos à China pela primeira vez em 2009, para um primeiro encontro com os possíveis distribuidores e parceiros locais. Rapidamente entendemos que eles não conheciam nada em relação ao Brasil e à sua produção. Por isso, realizamos desde então um grande trabalho em termos de comunicação. E com isso nós chegamos a apresentar uma seleção de dez marcas. E, a cada vinda, constatamos respostas e expectativas diferentes.
No início, nós nos deparamos com pessoas que queriam investir, mas que não conheciam nada no mercado. Em seguida, pudemos ver as lojas multimarcas chegar. Agora, estamos diante de profissionais que conhecem bem o mercado e que oferecem tanto oportunidades quanto há de business models.
FM: Quais respostas os produtos brasileiros obtêm no mercado chinês?
RR: Temos algumas marcas que já possuem seu parceiro local, outras que ainda procuram, ou que contratam agentes... As coisas devem ser feitas passo a passo neste país, mas compreendemos também que temos de agir rápido quando elas avançam, pois as coisas acontecem assim aqui. Em algumas semanas, uma marca pode ser encontrada em cerca de cinquenta lojas.
É este tipo de situação que faz com que, se a China não se encontra no Top 10 das nossas exportações, a China seja o país que oferece o maior crescimento, com +21% a cada ano. Nos Estados Unidos ou na França, vendemos, por outro lado, via marcas que compram de nós. Na China, passamos por nossas próprias marcas, o que é um desafio em si mesmo. Mas nos apoiamos nisso, pelo fato de as marcas estarem bem posicionadas neste mercado.
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