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Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
9 de abr. de 2018
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6 Minutos
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Portugal, o dilema entre a exportação e a independência criativa

Traduzido por
Estela Ataíde
Publicado em
9 de abr. de 2018

A tradição portuguesa é uma espada de dois gumes. Garantia de qualidade e savoir-faire, ofusca frequentemente a vontade artística de uma indústria que toma medidas para crescer e ser competitiva. Um setor têxtil conhecido pelo seu potencial de exportação que procura a coexistência entre o modelo histórico de confeção e matérias-primas com um cenário de moda jovem, de caráter sustentável e ambição comercial.


Desfile de Luís Buchinho, outono-inverno 2018/19 - Portugal Fashion


O projeto Portugal Fashion, nascido em 1995 sob a responsabilidade da Associação Nacional de Jovens Empresários de Portugal (ANJE), é um dos principais protagonistas neste contexto. Somando já um total de 42 edições, a plataforma de moda é responsável por organizar semanas de moda no Porto e em Lisboa, desenvolvidas em paralelo com a ModaLisboa, bem como apoiar o talento português dentro e fora de fronteiras. Na sua última edição, o evento abandonou a tradicional localização na Alfândega do Porto, que na data estava ocupada pela empresa Mercedes, para se realizar numa megaestrutura 10 mil metros quadrados no Parque Cidade do Porto, que acolheu 34 desfiles e a sétima edição do showroom 'Brand Up', com 70 expositores.
 
"O objetivo é fortalecer o apoio a marcas portuguesas nos campos do design e da criatividade como fatores de competitividade económica. Esta união de forças, competências e colaboração em rede dará uma maior amplitude ao trabalho do Portugal Fashion", disse Rafael Alves Rocha, diretor de comunicação do evento que teve lugar em Lisboa a 17 de março e continuou no Porto de 22 a 24.

O certame, também aberto ao público, apelou principalmente a compradores nacionais e internacionais, sob a lógica de divulgação e comercialização do "Made in Portugal", explicou Rafael Alves, destacando o potencial de fundir as passarelas e as feiras de moda. "A nossa reorientação estratégica passa por um maior envolvimento de diferentes agentes do setor e pelo desenvolvimento de sinergias com setores complementares da moda, sobretudo associados ao lifestyle e às indústrias criativas", concluiu.

Caracterizado pela sua heterogeneidade, o programa de desfiles outono-inverno 2018/19 contou com moda de autor e propostas comerciais de vestuário e calçado, um dos eixos tradicionais do evento, com seis desfiles e a presença de destaque do designer Luís Onofre. Os novos talentos também estiveram em destaque, como foi o caso dos recém-chegados à passarela principal Inês Torcato e David Catalán, bem como Mara Flora ou Maria Meira, vencedores da última edição do concurso Bloom, dedicado ao design emergente.

Do lado da experiência, Júlio Torcato comemorou os seus 30 anos de carreira com uma coleção sportswear. E não faltaram grandes nomes do panorama da moda, como Nuno Baltazar, Katty Xiomara, a estrela local Luís Buchinho ou o consagrado Hugo Costa, que levou ao Porto a sua mais recente coleção, apresentada durante a Semana da Moda masculina de Paris em janeiro passado, com o apoio do Portugal Fashion. Da mesma forma, houve também espaço para marcas comerciais com grande experiência em feiras internacionais, como Pé de Chumbo, Concreto, Ana Sousa, Dielmar ou Lion of Porches.

Proximidade e qualidade como respostas à 'fast fashion'


Desfile de Hugo Costa, outono-inverno 2018/19 - Portugal Fashion


"Portugal tem e continuará a ter um papel fundamental entre os mercados mais relevantes dos nossos fornecedores", afirmou Pablo Isla, presidente da Inditex, coincidindo com a apresentação dos resultados anuais do grupo. Os dados confirmam-no: em 2017, o gigante da fast fashion fabricou 20% em Portugal, onde já conta com 868 fábricas listadas. E não é o único. Com marcas como Bimba y Lola, Roberto Verino, Florentino ou Adolfo Domínguez, a vizinha Galiza é um suporte fundamental para o setor têxtil. Segundo a ATP (Associação Têxtil e Vestuário de Portugal), as encomendas galegas já ultrapassam os 1.000 milhões anuais. Por seu lado, Espanha continua a ser o principal destino das exportações, com uma quota de mercado de 35%, seguida pela França, com 12%.
 
A indústria portuguesa afirma-se no mercado europeu como fornecedor de proximidade. Com cultura e tradição têxtil, Portugal garante qualidade e rapidez em resposta a custos de produção reduzidos. Uma estratégia de negócios que responde às necessidades do grande consumo, reduzindo a complexidade do transporte e possibilitando a renovação das tendências a cada poucas semanas em montras ávidas por novidades. No caso do modelo Inditex, 60% da oferta já vem de mercados de proximidade (Espanha, Portugal, Turquia e Marrocos), enquanto a Ásia se concentra na confeção de elevadas quantidades de básicos.

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística português, no ano passado, a economia nacional registou um crescimento de 2,7%, o maior aumento desde o ano 2000. Da mesma forma, os dados foram favoráveis ​​para o setor têxtil, com 137 mil trabalhadores registados em 2017. Além disso, o volume de negócios e as exportações têxteis, que representam 10% das totais do país, subiram para 7.500 e 5.237 milhões de euros, respetivamente. Apesar da progressão constante nos últimos tempos, os números também refletem a situação laboral e o poder de compra nacional. Atualmente, o salário mínimo português ascende a 580 euros, contra 825 dos espanhóis ou 1498 dos franceses.
 
Em plena recuperação económica e, possivelmente, num dos momentos com mais razões para otimismo, a indústria têxtil portuguesa sofreu um golpe de realidade com o encerramento de duas fábricas de renome nos últimos meses. A antiga fábrica da marca de lingerie Triumph em Loures (Lisboa), propriedade da TGI-Gramax, declarou a sua insolvência fazendo frente a um plano de reestruturação que põe em perigo 463 postos de trabalho. Por seu lado, o grupo têxtil Ricon cedeu no início deste ano, demitindo 600 funcionários e assumindo a saída do mercado português da marca sueca Gant, que lhe havia confiado a produção e as 20 lojas que tinha no país.

"Made in Portugal", além da exportação


Preparação do showroom Brand Up, no Porto - Portugal Fashion


Embora o carácter exportador seja um valor fundamental da indústria portuguesa, uma das chaves para a sua sobrevivência a longo prazo passa também pela construção de um mercado nacional sólido, garantia de independência se os países importadores alterarem a sua estratégia.

Sob um clima positivo relativo aos resultados comerciais do showroom Brand Up, os participantes concordaram que o valor português está em ascensão e que o reconhecimento está garantido. "As nossas matérias-primas são muito apreciadas no estrangeiro, são um selo de qualidade", explicaram na empresa Katty Xiomara. No entanto, a indústria tem de ir mais longe, como comentaram representantes da marca ecológica Casa Grigi: "A tradição portuguesa é muito apreciada, o consumidor quer os nossos novos materiais, mas o 'Made in Portugal' tem de ter um significado profundo, não se pode ficar por uma etiqueta ou um mero souvenir".

Com objetivos partilhados, os expositores procuravam, na sua maioria, acordos no Japão e na Alemanha, mercados dos quais afirmam receber um feedback muito positivo, com compradores dispostos a investir e valorizar propostas sustentáveis, destacando um claro auge da moda vegan. Abordagens interessantes que olham além-fronteiras, mas onde ficam os seus compatriotas nesta equação? "É preciso que os portugueses comprem marcas portuguesas", comentavam vários agentes comerciais da feira associada à passarela. "Temos uma grande ambição internacional, mas ainda há um longo caminho a percorrer no nosso próprio mercado".

Portugal, que sofreu a crise com uma maior intensidade que a maioria dos seus vizinhos europeus, recupera a sua economia e ganha estabilidade nos seus setores chave. Assente na exportação, como grande parte das suas indústrias, o têxtil português enfrenta a necessidade de consolidar um mercado nacional forte e o desafio de abrir horizontes com apostas comerciais e criações de autor. Iniciativas adaptadas à indústria e aos seus tempos, educação no próprio território e divulgação no estrangeiro parecem as chaves para evoluir e fortalecer a moda portuguesa. Já não se trata apenas de uma questão de tradição.

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