Para o seu 50º aniversário, Ralph Lauren pede um sonho americano mais inclusivo
Ralph Lauren marcou um "home run" com seu incrível desfile de moda apresentado no Central Park, em comemoração aos 50 anos da marca.
O desfile também foi um chamado para o acolhimento e a inclusão: aceitar os imigrantes e respeitar todas as culturas. Um discurso feito pelo homem que é, sem dúvida, o mais importante estilista da América do Norte.
Vestindo seu clássico blazer Wasp e jeans desgastados, Ralph veio saudar o público de mãos dadas com um garoto negro de dreadlocks. Segurando as lágrimas, ele teve dificuldades para caminhar pela passarela enquanto era ovacionado pelo público.
Foi um desfile espetacular, que teve a presença de várias celebridades. Hillary Clinton veio prestar homenagem, enquanto Oprah Winfrey propôs um brinde com um discurso maravilhoso e espirituoso. Muitas estrelas de cinema e artistas como Bruce Springsteen posaram com Ralph, enquanto Jessica Chastain bebia um drink com Imogen Poots, Tom Hiddleston conversava com Pierce Brosnan, e Hillary Clinton conversava com Tony Bennett.
"Olá, meu nome é Oprah. Eu gostaria de fazer um brinde à Raph Lauren. Que triunfo poder sintetizar 50 anos de moda extraordinária em meia hora. A verdadeira razão de estarmos todos aqui não é o desfile: é celebrar você, Ralph Lauren, por esses 50 anos imaginando nossos sonhos, estimulando nossas ambições, criando valores e significado ao glamour. A sua história é também a nossa. O fato de você, uma criança do Bronx, ter sido capaz de criar maxi-gravatas e não deixa-las serem levadas pela Bloomingdale's! E de ter criado uma empresa global!", disse Oprah Winfrey, entre risadas e aplausos.
O desfile foi apresentado no esplendor de Bethesda Terrace e seus famosos azulejos, no coração do Central Park, entre inúmeros arcos neoclássicos e uma passarela em tapete desgastado, perfeitamente coerente com os leitmotivs que foram o DNA da Ralph Lauren: nobreza desbotada e elegância desalinhada.
Ele abriu o desfile com um look que por si só incorpora o seu design de moda triunfante: o otimismo americano, que abraça tanto suas diversas raízes como os mais novos imigrantes. Uma camisa xadrez ligeiramente desgastada com um vestido prateado sexy, e um cinto de caubói do Novo México, combinado com botas com estampa de leopardo.
Somente na Ralph Lauren você pode encontrar um vestido justo de veludo com um cardigã largo desleixado e chapéu. Ou belas saias de patchwork de veludo com chapéus de de guerreiro Sioux. Nenhum outro estilista conseguirá reproduzir a mistura única de opulência e descontração, peças étnicas e estilo patrício proposta por Ralph.
Para os homens, mantas de patchwork em calças de motoqueiro de couro, ou jaquetas e casacos xadrez complementados por calçados esportivos ou de veludo para um jantar chic. Muitos agasalhos continham o logotipo Class of 67, referindo-se ao ano em que ele vendeu a sua primeira coleção de gravatas.
Ralph Lauren também integrou suas linhas Polo e Ralph Lauren Sport no desfile. À medida que este avançava surgiam modelos acompanhados de crianças, muitas delas de outras raças, raízes ou origens.
Sem dúvida, este elenco composto de jovens, velhos, negros, brancos, latinos, asiáticos, africanos, entre outros, foi uma escolha muito política, uma resposta inclusiva à vulgaridade ridícula que prevalece hoje em Washington. O presidente atual não foi mencionado uma vez sequer, como se seu nome fosse um palavrão.
O desfile contou com a presença de inúmeros estilistas: Calvin Klein, Tommy Hilfiger, Diane Von Furstenberg, Tory Burch, Michael Kors, Donna Karan e John Varvatos. "Não se trata apenas de roupa, mas de um discurso que era importante ser feito”, disse Diane Von Fürstenberg, enquanto Tommy Hilfiger acrescentou: "Uma coleção esplêndida. Gostei de todas as peças e concordo com o que Ralph expressou de forma muito clara com esse desfile”.
No dia seguinte ao discurso de Barack Obama para denunciar a "política do medo e do ressentimento", foi uma manifestação visual magnífica, através da moda, em favor de um mundo mais inclusivo. Até a trilha sonora teve muito a dizer, de She Belongs to Me, de Bob Dylan, à The Jazz Singer, de Neil Diamonds, incluindo um remix de Secret Garden, de Bruce Springsteen, parte da trilha sonora do filme Jerry Maguire, de 1996. Todas essas músicas expressam perfeitamente o desejo, o amor e o realismo brutalmente honesto da música americana.
Depois do desfile, cerca de 500 convidados jantaram em mesas repletas de flores, velas, porcelana fina e copos de cristal, enquanto a chuva caía no famoso parque.
A moda pode tratar apenas de roupas, mas assim como todos os esforços criativos, ela é também uma expressão do nosso tempo. E Ralph Lauren, embora nunca tenha feito uma declaração política direta, resumiu o clima de Nova York, que considera que criar divisões e buscar bodes expiatórios para os problemas atuais não é comportamento correto.
Em suma, este desfile encarnou com nobreza o sonho americano, em todo o seu otimismo. A Semana da Moda de Nova York lembrou o recente funeral de John McCain em Washington, onde pessoas decentes se levantam para fazer o que é certo.
"O Central Park é Nova York. É onde eu vivo e eu amo. Eu pensei que é isso o que eu faço, essa é a vida que eu amo fazer parte", disse Ralph Lauren ao FashionNetwork.com. "Eu tinha algo a dizer sobre a América. Não se trata de roupas, mas de um espírito, como eu me sinto", acrescentou o designer. "Eu nunca tive um projeto. Eu só sabia que tinha que trabalhar duro. Eu queria ter o meu negócio e ganhar a vida para poder ter uma família. Isso é tudo. Eu não tinha um plano mestre. Eu tive sorte. Eu sou modesto mas arrogante. Talvez não seja arrogante, mas autoconfiante. Aproveite a noite!". disse o estilista.
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