House of Fraser: Mulberry emite alerta de lucro e líder da Harrods diz que novo proprietário merece uma oportunidade
Sucedem-se as consequências da aquisição, no valor de 90 milhões libras, da House of Fraser (HoF) pela Sports Direct, do empresário Mike Ashley. Na segunda-feira, a marca de luxo Mulberry emitiu uma declaração a propósito do impacto resultante dos 2,4 milhões de libras que lhe são devidos e da interrupção das negociações da HoF.
A Mulberry opera 21 concessões da House of Fraser, empregando 88 pessoas em todo o Reino Unido. Após uma revisão dos "saldos devedores, ativos fixos e custos potenciais que podem resultar da reestruturação, o grupo espera atribuir 3 milhões de libras para custos excepcionais" nos seus resultados para os seis meses até 30 de setembro.
Na manhã de segunda-feira, as suas ações caíram até 30%, com a empresa a acrescentar que, desde o seu último relatório, em junho, “o mercado do Reino Unido continuou a enfrentar desafios e as vendas nas lojas House of Fraser foram particularmente afetadas”. “Caso estas tendências de vendas no Reino Unido se prolonguem para o importante período comercial da segunda metade do exercício fiscal, o lucro do grupo para o ano [até 31 de março de 2019] será substancialmente reduzido."
Felizmente, no resto do mundo o negócio "continua a desenvolver-se amplamente em linha com as expectativas da administração" para a Mulberry, mas as questões relacionadas com a House of Fraser revelam a dimensão do efeito que o fracasso e compra da HoF teve.
No final da semana passada, foi revelado que a empresa deve aos seus credores não garantidos 484 milhões de libras, sendo que no topo dessa lista se encontram grandes marcas de moda que têm somas avultadas a receber. Esse montante foi incluído na dívida total de 1 bilhão de libras da HoF revelada pelos seus administradores.
A Polo UK, da Ralph Lauren, tem a haver quase 10 milhões de libras, enquanto Kurt Geiger, Tommy Hilfiger, Phase Eight, Mint Velvet, AllSaints, Giorgio Armani, Hobbs, Lacoste, Warehouse, Hallet Retail, Hugo Boss e Diesel têm todos a receber entre 1,1 milhões e 4,9 milhões de libras. Versace, Gucci e Prada também estão na lista de credores.
Mas, estes são valores baixos quando comparados com a conta superior a 30 milhões de libras causada por uma disputa com a distribuidora terceirizada XPO Logistics, que levou ao encerramento do armazém da HoF e à desativação do site da marca.
O que significa um pesadelo para para Ashley (cuja empresa detinha 11% de participação na HoF antes da compra) e para os fornecedores e funcionários da HoF. Mas, nesta vaga de negativismo, um dos empresários mais bem sucedidos do mundo, o homem ao comando da Harrods, deu a sua opinião e disse que se deveria dar a Ashley a oportunidade de fazer a sua nova aquisição funcionar.
Há muitos anos, a Harrods fazia parte da House of Fraser, e o seu atual diretor administrativo, o altamente respeitado Michael Ward, disse: "Todos nós devemos dar [a Ashley] apoio e entusiasmo por tentar agitar um pouco as coisas".
Ashley pretende manter abertas a maior das lojas da HoF e aproveitar ao máximo o espaço das mesmas transplantando grandes filiais da Sports Direct ou da cadeia de alto nível Flannels para essas lojas. Na verdade, neste momento o site da HoF redireciona os internautas para a loja virtual da Flannels para encontrar marcas de luxo.
A propósito da afirmação de Ashley, que diz pretender que a HoF seja “a Harrods da high street”, Ward disse ao The Telegraph: "Acho que o que Mike quis dizer é que quer tornar a House of Fraser mais sofisticada e mais experimental. Ter uma Harrods em todas as cidades britânicas não funcionaria, iria falhar miseravelmente. A Harrods funciona porque estamos num local - Londres, a capital.”
"Mike sabe que não terá sucesso se colocar a Prada em todas as lojas da House of Fraser. Mas, será bem sucedido se tornar a cadeia mais divertida."
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