UseFashion
18 de jan. de 2011
Fashion Rio: balanço 4º dia
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18 de jan. de 2011
Cantão em momento troca de fontes de inspiração, o mergulho da Redley no asfalto urbano e fardas unidas à roupa de ballet da New Order estão entre os melhores momentos do 4º dia . Que teve ainda a coleção da Coca-Cola, o masculino da R. Groove e uma Espaço Fashion equilibrada e leve.
Cantão
A relação entre arte e o espaço urbano, como elementos resultantes da natureza criativa do homem, norteia a coleção do inverno 2011 da Cantão. Tecidos leves, ou em gramaturas pesadas e cores urbanas, com estampas que lembram drippings de Jackson Pollock, abstrações geométricas de Kandinsky ou as pinceladas do expressionismo abstrato, substituem flores e outras fontes naturais, que até então alimentavam o imaginário hippie chic da marca. Não é à tôa que o desfile foi para o Parque Lage, reduto tradicional do ensino das artes no país. A mudança não altera substancialmente a imagem da marca, e o colorido da nova referência garante o mesmo efeito pop festivo que a Cantão persegue e vende.
Coca-Cola Clothing
A coleção Bohemian Sunset da Coca-Cola fala do deserto da Califórnia e dos viajantes que vagueiam por lá. A cor e o desenho das nuvens no céu, da vegetação e o próprio clima serviram como base para estampas, cartela de cores e texturas. Uma mistura de efeito, sem dúvida, com muito tacheado, tramas, jeans manchado e dourados. Apenas o mix de psicodelia californiana, ajustes sexies na malha e primitivismos, resulta duvidoso. As modelagens justas e curtas, sobrepostas por casacos longos, definem a silhueta das garotas. Para os rapazes, ela é folgada.
Redley
Boa a coleção da Redley, afastando-se da veia naturalista que domina o Fashion Rio para mergulhar em zona densa e urbana. É roupa pensada como composição formal e material esta que a marca escolheu fazer. Deslocamentos na modelagem, superposições de pesos e gramaturas na malha, e uma silhueta construída entre a maciez e a dureza, garantem ao feminino e ao masculino o direito de pisar firme no inverno das grandes cidades.
R. Groove
A ideia de descontextualização deságua no “homem de lugar nenhum”, personagem da R.Groove que tem os pés na estrada. Na verdade, a criatura é um apanhado de coisas dos caminhos que trilhou. Um viajante de raíz urbana, de guarda-roupa funcional e prático, que faz uso do universo militar, assimila várias referências étnicas e sai da experiência marcado também por alguns resquícios estéticos da cultura indígena norte-americana. Passagens difíceis entre uma coisa e outra, e conjunto prolixo aconselham o garoto a repensar os roteiros.
Espaço Fashion
Para o inverno 2011, a Espaço Fashion propõe traduzir nas formas do vestuário os múltiplos significados da palavra afeto. O resgate da memória de tempos passados e as boas sensações que trazemos com ela são as referências para a construção de silhueta feminina desconstruída. Os volumes estão localizados principalmente na região das costas, e tome amarrações, sobreposições, recortes assimétricos, pontas pendentes e babados esvoaçantes de tecido fluído. O conjunto é bonito e a leveza parece mais sustentável para a marca que outros estados. Passou melhor do que na edição passada.
New Order
Soldados e bailarinas alimentam peças híbridas, com associações de farda e tutus verde-oliva e rosa, macacões sóbrios e saias de tule, abotinados e sapatilhas, lona e glitter. Sem borrar as fronteiras entre um universo e outro, mas evidenciando as linhas limítrofes entre mundos tão díspares, a çoleção realiza a mágica de manter ambas as referências intactas ainda que justapostas. Marca de acessórios, a New Order esbanja graça nas mochilas arredondadas ou de campanha e nas incontáveis variações da modelagem de calçados. Bem bonitos os abotinados simulando meia e sandália, a variação de solados e saltos, e os materiais em junções inesperadas. Acorde final inspirado este.
Fotos: © Agência Fotosite
Eduardo Motta
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