Dominique Muret
27 de jun. de 2014
Desfiles masculinos em Milão: uma moda híbrida centrada no conforto
Dominique Muret
27 de jun. de 2014
Foi uma moda em transição a contemplada na Fashion Week, que se iniciou em Milão no sábado 21 de junho para chegar ao seu término na última terça-feira 24. O guarda-roupa para o verão 2015 renova o vestiário masculino, mas ainda continua fortemente vinculado aos rituais dos códigos masculinos, sem criar grandes surpresas. Aliás, os compradores deram a impressão de ter deixado Milão mais cedo que o previsto. Vários aos pés das passarelas estavam espalhados, ao passo que os coquetéis e festas organizadas durante os quatro dias um tanto opacos não ficarão na memória.
O azul-marinho é substituído pelo preto, enquanto o marítimo, estilo Royal Navy, inspira mais de um estilista. Com a Gucci, Frida Giannini propõe blazeres impecáveis com laços azuis em torno das mangas, ou em versão marítima com ombreiras e botões metálicos, assim como Philipp Plein, que acrescenta com as ombreiras a insígnia sobre o bolso. O suéter marítimo torna-se a peça incontornável do vestiário do verão 2014, apresentando-se tanto na versão clássica como numa revisitada (Ermenegildo Zegna, Ermanno Scervino).
“Eu nunca vi nada tão inovador. Para sair um pouco de toda esta sartorialidade clássica, os estilistas inseriram alguns modelos com cores vibrantes e focalizaram-se principalmente nos calçados com sandálias e sneakers bastante agressivos. Foi nos pés que se concentrou a verdadeira inovação desta temporada”, analisa Cesare Tadolini, que é dono de duas lojas em Módena. “De resto, tudo continua bastante moderado. Nós esperamos sempre grandes novidades, que infelizmente nunca chegam. Gostaríamos de ver algumas peças mais fashion e um pouco menos atemporais, algo que estimule o cliente”, conclui.
As sandálias com correias de couro ao estilo grego, ou com solados grossos e tiras extralargas bem visíveis serão o must do próximo verão, enquanto o calçado esportivo destrona definitivamente o mocassim. Este foco sobre os calçados informais contribui para tornar o look masculino mais leve. Dentre todas as coleções pode-se notar um estilo descontraído. A silhueta está mais fluida. O essencial é que todo o traje seja confortável e funcional.
Nesta mesma linha, o blazer assume voluntariamente ares de roupão, ao passo que a calça jogging surge em jersey cinza ou decorada com grandes estampas (Ermano Scervino, Etro, John Richmond, Zegna, Philipp Plein). Várias calças exibem até mesmo uma dupla faixa lateral. Ainda no que concerne ao registro funcional, os fones de ouvido aparecem em algumas passarelas (Fendi, Dirk Bikkembergs), assim como as bolsas multiuso, usadas à tiracolo, bem visíveis em diagonal sob o busto.
A mescla de roupas inscreve-se num contexto de normalidade. Não se trata de apenas misturar os materiais, mas de reconstruir um traje meio formal, meio esportivo. As mangas de um blazer podem ser removidas graças a zíperes na Moncler Gamme Bleu, os cintos com fivelas multiplicam-se, a camisa clássica se transforma em agasalho do lado inverso com Antonio Marras.
De uma maneira geral, os costureiros milaneses foram felizes ao buscar todas as suas inspirações no universo esportivo. Versace e Roberto Cavalli inspiraram-se num universo Miami Beach, a Missoni, nos surfistas, a Moncler Gamme Bleu, no boxe, Dirk Bikkembergs, no triatlo, a Dolce & Gabbana, nas touradas, Antonio Marras, no futebol, etc. Vários shows ocorreram até mesmo na borda da piscina, num ringue de boxe e em quadras poliesportivas!
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