Conferências de luxo em ascensão

Falar sobre o luxo pode ser um negócio muito lucrativo a julgar pelo aumento das conferências dedicadas à esta indústria. Junto com os principais eventos internacionais propostos pelos gigantes da imprensa, como New York Times, Condé Nast ou Financial Times, as iniciativas estão proliferando em todo o mundo, como em Paris ou Milão, com eventos similares.

Suzy Menkes criou este conceito em 2000, em Paris, com a International Herald Tribune Luxury Conference, que depois se transformou na The New York Times International Luxury Conference, cuja 17ª edição foi realizada nos dias 13 e 14 de novembro, em Bruxelas. Passada à concorrência, a célebre jornalista de moda lançou em abril de 2015 a Condé Nast International Luxury Conference.

A receita é simples, marque uma reunião de dois dias em um lugar atraente ou exótico (Oman, foi o local escolhido no ano passado, Lisboa e Veneza são os próximos destinos) com a nata do luxo: estilistas e CEOs das grandes marcas, profissionais da indústria ou blogueiros renomados, bem como jovens empresários de startups bem sucedidas. Peça que falem sobre o futuro do setor através de palestras ou entrevistas com o jornalista local sobre temas com títulos atraentes. Acrescente a isso visitas culturais e jantares de gala em locais suntuosos.

"Eu participo das três principais conferências para encontrar novas idéias ou apenas absorver as novas tendências do mercado", diz um participante do evento do New York Times em Bruxelas. "Não é realmente o lugar ideal para fazer negócios, a menos que você venha a essas conferências com uma estratégia muito precisa".

Desde o início, este interlocutor aconselha não ser patrocinador. "Os organizadores pedem aos seus parceiros uma participação significativa, mas o retorno do investimento é incerto, quem se lembra da marca de champanhe que nos foi oferecida durante os coquetéis após as conferências organizadas para os convidados?".

"Por outro lado, para as marcas menos conhecidas, vale a pena aparecer no painel dos palestrantes, porque dá uma boa visibilidade perante uma audiência selecionada", ressalta. Com o valor de quase 4000 euros a entrada, os participantes são em sua maioria gestores ou empreendedores que desejam entrar em contato com a elite do luxo. As maiores conferências conseguem reunir entre 400 e 500 desses participantes pagantes.

A este preço, tudo é permitido para ser notado: seja o primeiro a intervir após um programa de entrevistas, certificando-se de fazer uma série de perguntas; aborde os proprietários e executivos das marcas após suas apresentações, se imponha, abra um largo sorriso, e seja discretamente fotografado ao lado de um grande gestor como se o conhecesse para gerar barulho nas redes sociais.

As pausas para o café também são populares para o networking e fazer contatos valiosos, desde que você encontre as pessoas certas para conversar. Assim, o chefe de uma pequena empresa especializada em hologramas e luzes de nova geração "extremamente interessante para eventos especiais, desfiles ou lojas", pode tentar se retirar da conversa quando perceber que está conversando com um simples jornalista.

Não é fácil multiplicar os contatos e tornar o investimento rentável, quando o programa prevê um almoço sentado, como foi o caso na segunda-feira (13) em Bruxelas. “O evento da Condé Nast com Suzy Menkes é melhor organizado. Há bufês que permitem circular mais facilmente e conhecer pessoas, o convívio é melhor", observa outro participante da conferência de Bruxelas.

Quanto ao interesse pelos talk-shows, muitas vezes ele passa para o segundo plano. Conforme resumido por este último interlocutor: "Há muita trivialidade e generalidade. Mas, de vez em quando, tem alguma coisa interessante".

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