Godfrey Deeny
22 de jan. de 2018
Azzedine Alaïa: Je Suis Couturier
Godfrey Deeny
22 de jan. de 2018
Dois meses após seu falecimento, a maison de Azzedine Alaïa organizou uma exposição memorável de algumas de suas obras mais brilhantes.
Intitulada "Azzedine Alaïa: Je Suis Couturier", a exposição com apenas 41 looks confirma a posição de Alaïa como um dos grandes arquitetos da moda.
"Queríamos prestar uma homenagem a Monsieur Alaïa, que tragicamente nos deixou em novembro. Carla Sozzani me chamou imediatamente dizendo que precisávamos organizar esta exposição. E eu acreditava que precisávamos mostrar os elementos mais atemporais de sua obra. É uma certa eternidade que podemos oferecer a ele", disse o curador da exibição, Olivier Saillard, à FashionNetwork.com.
A mostra, especialmente preto e branco, inclui peças que remontam a 1981, como um vestido curto, drapejado como a roupa de uma antiga deusa romana de Pompéia; vestidos bandagem dos anos 90 e icônicos vestidos de couro de seu último desfile de alta-costura para o inverno 2017. Apresentado em alcovas individuais bem iluminadas, é uma introdução perfeita para Alaïa.
A Fundação Alaïa planeja agora organizar exposições três vezes ao ano, facilitadas pelo fato de Alaïa ter conservado muito bem todas as suas próprias coleções.
"Azzedine também adquiriu muitos dos grandes clássicos da moda contemporânea e antiga: Madeleine Vionnet, Charles James, Balenciaga e Adrian. Nós queremos mostrar tudo isso aos poucos para o público", revelou Saillard.
A mostra está em exibição na sede de Alaïa, um ateliê do século 19 com colunas de ferro forjado e telhado de vidro. O espaço ficou bastante tumultuado quando Naomi Campbell apareceu com Farida Khelfa, meia dúzia de fotógrafos e influenciadores gravando vídeos ao vivo para o Instagram. "É tudo muito mágico. Azzedine teria ficado muito orgulhoso. E eu devo ter usado metade disso!”, disse Naomi Campbell.
De acordo com Saillard, Alaïa era "o maior colecionador privado de moda do mundo. Mas foi um processo complexo, pois ele nunca quis mostrar sua coleção. Mas eu falo como diretor de museu da moda há 20 anos, ele muitas vezes adquiriu peças que eu desejei comprar! Excelentes obras do nosso patrimônio da moda. Agora, precisamos pensar em como conservá-las”.
Saillard conheceu Alaïa há duas décadas quando foi nomeado diretor do Museu da Moda de Marselha e Alaïa era seu presidente. Saillard também foi o curador da retrospectiva de Alaïa no Palais Galliera, em Paris, onde foi diretor em 2013. "Todos sabiam que Alaïa levava muito tempo para fazer tudo. Então nós começamos a falar sobre essa retrospectiva quatro anos antes dela ser realizada!” disse Saillard.
"Eu gostaria que as pessoas saíssem daqui pensando que a moda não é esse grande circo, frenesi e pompa da mídia que vemos hoje. Essa moda é sobre realmente saber como fazer roupas. Podemos dizer isso apenas sobre algumas pessoas: Alaïa e Yohji; e também de Vionnet e Balenciaga. Eles fazem a moda no sentido mais nobre, como esculturas para os corpos das mulheres. Os visitantes admiram roupas que não pesam, apenas 'sussurros' de mousseline de jersey. E para mim isso é arte", concluiu Saillard.
Seu look favorito é um vestido de 2003 em mousseline preta com tons de vermelho e azul. Por quê? "Segue a grande tradição dos trajes dos anos 30. Alaïa eventualmente se tornou o mais parisiense dos couturiers. Ao ser comparado com essa grande tradição, ele se tornou ainda maior. Então, este vestido é um ótimo exemplar da história da moda".
Azzedine Alaïa: Je Suis Couturier
De 22 de janeiro a 10 de junho
Endereço: 18, rue de la Verrerie, 75004 Paris
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