Antonio Marras apresenta princesas em safáris
Do vestido em seda bordada de renda ao terno militar cáqui com colarinho de python colidem dois mundos opostos. São esses dois universos que Antonio Marras queria explorar nesta temporada, até fundir com a poesia, sem nunca perder de vista a funcionalidade da roupa.
Para construir a sua coleção primavera / verão 2019, apresentada na sexta-feira (21) em Milão, o estilista nascido na Sardenha se inspirou na história da princesa Romane Worq, filha mais velha de Negus, o último imperador da Etiópia, que foi exilada para a ilha de Asinara em 1937, considerada na época como uma espécie de Cayenne francesa, após a conquista da Abissínia por Mussolini.
"Eu queria contar a história dessa passagem de um lugar para outro, de um mundo para outro, onde lembranças do passado são evocadas aqui e ali, através de bordados, rendas e outras decorações preciosas, enquanto as roupas dessa viajante exilada se adaptam aos novos territórios que ela descobre, por adições e sobreposições de novos elementos", explicou a Antonio Marras nos bastidores.
Uma calça militar foi combinada com um sutiã de renda, enquanto um moletom de capuz sem mangas foi decorado com aplicações de flores e pérolas. Uma pele brilhante de leopardo foi colocada em um vestido preto bordado com flores vermelhas, e em um blusão de nylon amarelo-ouro, enquanto os pontos brancos de um vestido preto plissado foram confundidos com as manchas de um guepardo.
A África esteve muito presente nesta coleção, que viajou de desertos em savanas, à safáris e explorações na selva. Houve muitas referências a animais selvagens ou exóticos e, assim, penas coloridas embelezaram uma jaqueta cáqui; inserções de efeito python foram incorporadas na parte de trás de um top, ou foram vistas em roupas de retalhos com estampas de zebra ou leopardo.
O look desta exploradora foi complementado com chapéus "vegetais" suntuosos que se desenvolveram em volume sobre a cabeça, através de cachoeiras de samambaia ou um emaranhado de ramos floridos, onde posou uma miríade de borboletas. Pequenas obras-primas de poesia assinadas pelo "flower designer" Tonino Serra.
Do jardim à selva, um único fio condutor percorreu a coleção, a cor verde, indo do cáqui a limão. Como resume Antonio Marras, citando o escritor Sergio Atzeni: "Existem duas cores no mundo, verde é a segunda”.
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