21 de ago. de 2018
À frente da Nannacay, Marcia Kemp fala sobre os planos de expansão da marca, cidadania criativa e moda
21 de ago. de 2018
Com quatro anos de existência, a Nannacay atua no Peru, no Equador e em algumas localidades do Brasil capacitando e desenvolvendo os talentos de artesãs, que transformam o junco cru ou tingido em objetos de desejo. O Fashion Network conversou com Marcia sobre esse projeto com as comunidades, sobre os planos de expansão da marca e sobre moda. Confira o bate-papo a seguir:
FASHION NETWORK: Qual é a expectativa de crescimento da Nannacay para este ano? A crise afetou de alguma forma a marca?
Marcia Kemp: Desde o início da Nannacay, sempre colocamos como target um crescimento anual double digit, e este ano não será diferente, pois o mercado internacional continua aquecido. Mas no Brasil com certeza a crise afetou o mercado nacional para as multimarcas, fazendo os pedidos minguarem um pouco.
Por outro lado, a desvalorização do real foi bom para vocês que exportam bastante?
Marcia Kemp: Como importamos e exportamos de qualquer forma, a crise gera um real impacto nas contas e despesas da marca. Temos muita mão de obra localizada fora do país, e com os impostos altos, acabamos ganhando por um lado e sofrendo por outro.
Aliás, quais são os planos para a internacionalização da marca?
Marcia Kemp: A nossa ideia é dar continuidade ao trabalho superatuante no mercado internacional através do nossos showrooms fixos baseados em Nova York e Londres. Além disso, manteremos também as duas únicas feiras em que estamos presentes, que são estratégicas para a marca: Cabana, em Miami e Splash, em Paris.
Vocês pensam em abrir lojas próprias?
Marcia Kemp: Nós já temos um e-commerce, que acaba de ser remodelado para ficar mais atrativo e atender às demandas por todo o Brasil, e nossa sede hoje no Rio de Janeiro já funciona, desde o ano passado, como uma Studio Store - que reúne os setores financeiros, de expedição, área criativa e também uma loja e espaço para eventos, tudo unificado em um rooftop no Leblon. Mas com relação à abertura de lojas físicas, não é um plano a curto prazo, devido a incerteza da situação econômica do país.
Vocês têm um trabalho pioneiro com a palha. Hoje este produto artesanal já é mais valorizado pela brasileira?
Marcia Kemp: Obrigada pelo reconhecimento. É um trabalho complexo o da valorização do artesanal pelos consumidores brasileiros. Acredito que, no Brasil, ainda estamos engatinhando nesse quesito. Trabalhamos diariamente para que esse setor seja observado com novos olhos pela brasileira. Temos tanto potencial criativo para explorar...
Como você vê o mercado da moda atual? O que vocês observam de mudança tanto com relação ao comportamento das consumidoras quanto com relação às estratégias para criar desejo e consumo?
Marcia Kemp: A indústria da moda vem buscando realizar produtos voltados para um consumo mais consciente que ajude na preservação do nosso planeta, e que busque o que temos de melhor - porém ainda é uma pequena porcentagem do mercado nacional. É essa a missão da Nannacay, valorizar o handmade e quem o faz com tanto esmero e que precisa de trabalho. Nosso diferencial, quando encontramos esse potencial criativo, é desenvolvê-lo, torná-lo mais profissional. Temos exemplos hoje de mulheres que passavam sérias dificuldades financeiras e hoje são verdadeiras empresárias. Sabe aquele ditado que diz para não dar o peixe, e sim ensinar a pescar? Graças à nossa política de capacitação, ajudamos a tornar muitas independentes, com muito trabalho, muito cuidado, e muito carinho.
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